Um óptimo desafio lançado pelo nosso colega Rui a propósito das
11 regras de Bill Gates.
Em primeiro lugar queria escrever que tenho evitado falar aqui de educação porque sou professor! Apesar de ter orgulho na minha profissão, o simples facto de a exercer tem sido ignorantemente visto pelos demais como redutor e desprestigiante, invalidando à partida qualquer opinião que um professor (bom ou mau) possa ter.
No entanto considero o desafio do Rui demasiado bom para o deixar sem resposta e então aqui vai!
Com o alargamento da Escola Obrigatória até ao 12º ano, (medida que eu considero utópica neste momento por não existirem condições para tal alargamento, refiro-me a alternativas ao Ensino normal, Cursos Profissionais, condições físicas nas escolas, pessoal docente e não-docente, políticas de incentivo à excelência em contraponto com o facilitismo existente,...) considero essencial ajustar melhor os Ciclos de Ensino às matérias, competências e cursos que possam vir a ser criados. Assim, alargava o 1º Ciclo em mais um ano, englobando já algumas disciplinas como uma Língua Estrangeira, TIC, entre outras... As aulas neste ciclo seriam dadas sempre que possível em regime de co-docência, podendo as turmas serem alargadas a mais alunos (para poupar nos custos). O 2º Ciclo, iria do 6º ao 8ºano e o 9º encaixaria no Ensino Secundário, formando um 3º Ciclo de 4 anos.
A minha segunda proposta iria na redução de disciplinas por período para apenas 5! Ter 13 ou 14 disciplinas como acontece actualmente no 2º e 3º Ciclo é incomportável. Face a este número de disciplinas e, compreensivelmente, os professores acabam por facilitar deixando os alunos de serem bons numa coisa para passarem a ser "jeitosos" em muitas! Ora, não é de "jeitosos" que Portugal precisa!
A redução para 5 disciplinas permitia uma melhor gestão dos vários programas e uma efectiva apreensão dos conceitos por parte dos alunos às várias disciplinas. Considero que das 5 disciplinas a leccionar em cada período, Língua Portuguesa e Matemática deviam ser obrigatórias e as outras 3 que seriam de opção em cada período entre uma Língua Estrangeira, uma da área das Ciências e outra da área das Ciências Sociais.
As 5 disciplinas por período permitiam dividir o horário em 10 blocos de 2 horas cada, o que corresponde aos alunos terem aulas somente no período da manhã ou da tarde. No período livre os alunos teriam ainda que escolher 5 actividades extra, como por exemplo: Desporto, Teatro, Trabalhos Manuais, Desenho, Acção Social,...
A avaliação deixaria de ser apenas anual e passaria a ser trimestral, com 10% correspondente à assiduidade e comportamento, 45% à avaliação interna (realizada pelo professor da disciplina) e 45% à avaliação externa (realizada nos moldes dos Testes Intermédios já existentes, com possíveis adaptações como as sugeridas pelo André (
aqui)).
Desta forma, os períodos de avaliação seriam bem mais curtos, não permitindo o aumento do desinteresse revelado pelos alunos do 1º para o 3º período e a cada negativa que o aluno tenha num trimestre, teria que ter aulas extra (em lugar de uma das actividades opcionais referidas anteriormente) e repetir a avaliação (interna e externa) no período seguinte até obter aprovação.
Este sistema funcionaria no 2º e 3º Ciclos (neste último com maiores adaptações e mais opções nas disciplinas a frequentar)
No final do 2º Ciclo (8º ano) e de acordo com as notas conseguidas pelos alunos, eles seriam encaminhados para um 3º Ciclo Profissional (2 anos com disciplinas mais práticas e os outros 2 já com uma componente de Estágio) ou Técnico (mais vocacionado para o prosseguimento de estudos). Em qualquer dos casos, a realização dos exames de admissão e a própria entrada na Universidade não seriam barradas.
Esta era a estrutura que propunha para o Ensino! Podem começar a apedrejar, a fazer perguntas, críticas ou simplesmente a dar outras ideias para o Ensino.