segunda-feira, 12 de março de 2012

Medição de audiências

Depois de uma guerra de palavras por causa do novo sistema de medição de audiências, é interessante verificar os seguintes pontos:
  1. O novo sistema de medição foi acordado pelos principais intervenientes, incluindo a própria RTP.
  2. A transição entre os dois sistemas não foi possível porque, segundo informações veiculadas nos últimos dias, a empresa que geria o sistema anterior recusou-se a funcionar em paralelo com o novo sistema. Para mim, isso demonstra uma falta de confiança no próprio sistema.
  3. O amadorismo total por parte dos principais intervenientes em aceitarem introduzir um novo sistema sem um período alargado de testes, seguido de uma certificação antes de entrar oficialmente em funcionamento. Note-se que só para a RTP, uma perda de share representa 2.3 milhões de euros por ponto de share.

Tendo em conta isto tudo, podemos analisar o sistema de medição que é claramente ineficiente:

  1. O universo é constituído por apenas 1100 lares. Este valor é claramente insignificante para representar as audiências de milhões de pessoas.
  2. Com o número de lares que têm televisão por cabo/fibra/ADSL/satélite, como é que os 4 canais principais continuam a dominar as audiências? Talvez seja que o televisor principal da casa tenha esse share, mas os outros televisores da casa estarão com certeza sintonizados noutros canais.
  3. Com a quantidade de lares com boxes bidireccionais (na fibra ou ADSL) seria muito mais fiável que as operadoras destes sistemas disponibilizassem os valores de audiências. Provavelmente teriam de pedir autorização prévia aos clientes, mas poderíamos estar a falar de mais de um milhão de assinantes, com pelo menos uma box por casa. Segundo a ANACOM, o número clientes de cabo+xDSL/IP+FWA+FTTH/B era de 2.17 milhões em Junho de 2011.
  4. Na mesma nota de imprensa, a ANACOM indica que TV por subscrição correspondia a cerca de 72,2 assinantes por cada 100 famílias.
  5. No EUA, o share de audiências já inclui os programas gravados por boxes com capacidade de gravação.

Tendo em conta a evolução tecnológica e a taxa de penetração destes sistemas, só posso chegar a duas conclusões possíveis:

  1. Existe um amadorismo total por parte dos principais intervenientes.
  2. Existem interesses comerciais fortes para manter um sistema com um painel muito reduzido e minimizar o impacto real da oferta alargada de televisão com o serviço de TV por subscrição.