sábado, 25 de abril de 2009

25 de Abril defraudado?

Quem trai a revolução?

Pergunto não sem a malícia de o levar ao engano. Porque politicamente a esquerda e a direita debatem, num inútil puxar de cordas, as responsabilidades, as mudanças, o PREC, o 25 de Novembro, e as repercussões no Portugal de hoje.

Mas, para mim, e talvez não sem controvérsia, aquele que mais cravos debulha é o abstencionista.

para os desiludidos com o sistema... ajam, porque também os capitães agiram face à desilusão;
para os que não confiam o seu apoio a ninguém... em branco votem, como pondo cravos em espingardas;
para os que querem protestar... protestem - mas votem, que as palavras não são antónimas e ambas brotam da mesma liberdade.


Trai a revolução porque, em democracia, votar é dever cívico. E neste ano três testes teremos à saúde deste espírito de '74.

Viva a liberdade!
Viva o 25 de Abril!

3 comentários:

  1. Sem dúvida, Jorge! Votar é um dever! Votar de forma consciente uma obrigação! Isto porque, para além do abstencionismo, eu acrescentaria à tua lista o voto irreflectido. Votar numa cor, sem reflectir nos ideais e nas propostas é também uma grave traição!

    O 25 de Abril é um momento histórico, o desabrochar da liberdade! Mas é importante não esquecer que, com a liberdade, vêm enormes responsabilidades.

    Penso que é nesse ponto que a nossa sociedade falhou redondamente desde a revolução dos cravos.

    Viva a liberdade!

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  2. Não, não trai.

    O 25 de Abril trouxe-nos a liberdade. A liberdade de escolher o nosso futuro. A liberdade de escolher quem nos governa. E a liberdade de não escolher, de não opinar, de passar ao lado de tudo. A liberdade mesmo de ser contra o sistema democrático. Por isso mesmo é que a liberdade é tão difícil de aceitar por alguns.

    Há muito que neste momento devia ser melhorado para cumprir os ideais democráticos do 25 de Abril. Um deles seria que os nossos representantes fossem de facto representantes dos eleitores, e não meros titulares de uma lista de um partido, que entram e saiem dos orgãos para que são eleitos sem qualquer controlo dos seus eleitores. O voto em lista já devia ter sido abolido há muito, mas só não foi por causa dos pequenos partidos, por causa da sua representatividade. Temos, por isso, um dilema: quanto mais associarmos eleitores a eleitos, mais penalizamos os pequenos partidos e pioramos a pluralidade dos nossos eleitos.

    Para falar com franqueza, não tenho solução para este problema. Mas tendo em conta o que se passa neste momento no parlamento, onde normalmente os partidos agem em bloco (e a bronca que é quando isso não acontece), eu faria o seguinte: cada partido com representação parlamentar tinha o mesmo número de representantes, para terem igual capacidade de participação em comissões especializadas. Para as votações plenárias, bastava um representante de cada partido para intervir e votar com o peso relativo da bancada. Na prática, já funciona assim.

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  3. Partilho da opinião do André acerca da urgência de abolir o voto em lista. Mas relativamente à traição ou não da revolução, tenho de discordar.

    O 25 de Abril trouxe-nos de facto liberdade e um sistema democrático. Ora liberdade não significa anarquia. Em democracia, tanto existem direitos como deveres, e nenhum deve sobrepor-se ao outro. E em democracia, temos o direito de não termos opinião, de não escolher. Mas temos o dever de votar. Na minha opinião, temos a obrigação de votar. Mas este dever não se sobrepõe ao direito anterior, pois esse direito pode ser exercido através do voto em branco.

    Essa é para mim o ponto de separação entre a anarquia e a democracia: a existência de deveres, de obrigações morais, de compromissos com a sociedade.

    A verdade é que estamos mais próximos de um sistema anárquico...

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