quinta-feira, 23 de abril de 2009

Ensino obrigatório alargado até ao 12º ano?

O Presidente da República afirmou que considera que o alargamento do ensino obrigatório até ao 12º ano é fundamental para o desenvolvimento e progresso do país. Já a Ministra da Educação afirma que tal poderá não ser necessário, ao contrário do que estava previsto no programa do Governo. (http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1342829
Quanto a mim, discordo do alargamento do ensino obrigatório até ao 12º. E a razão principal pela qual discordo é porque considero que a tendência é para aumentar o número de anos de escolaridade obrigatória mas ensinar menos, com menos qualidade. Já é extremamente dificil conseguir que muitos dos alunos completem o 9º ano. Muitos repetem mais do que um ano e a razão é geralmente a de não quererem estudar, de não gostarem. Mas como é obrigatório fazer o 9º ano por lá continuam e os professores muitas vezes acabam por facilitar a passagem desses alunos para concluirem o ensino obrigatório e se irem embora. Pois bem, obrigar os alunos que não querem estudar a ter que completar o 12º ano para poderem arranjar emprego, tirar a carta, etc, é obrigá-los a estar lá não sei quantos anos, contrariados. Por outro lado, lá está, para que todos consigam lá chegar lá será necessário facilitar o ensino, diminuir os critérios de exigência.
Posso estar errada mas penso que é assim. Que cada vez se anda mais tempo na escola para aprender menos e que quem não quer estudar só lá está a atrapalhar quem quer. É óbvio que tenho perfeita consciência de que é necessário aumentar a escolaridade, a formação, a cultura dos alunos, dos cidadãos portugueses. Mas penso que não vai lá à força e que, como diz o ditado popular, cada um é para o que nasce. E há alunos que não gostam/não conseguem andar 12 anos (no mínimo) na escola a frequentar um tipo de ensino essencialmente teórico e que não lhe faculta nenhuma competência profissional/técnica específica... Penso que era importante aprofundar e credibilizar o ensino técnico, profissionalizante, que é mais prático e vocacionado para quem quer sair da escola o quanto antes e ir trabalhar.
Precisamos de formar electricistas, mecânicos, picheleiros/canalizadores...
Gostava de "ouvir" a vossa opinião sobre este assunto. Receio estar a ser muito redutora na análise deste assunto...

Um comentário:

  1. A verdade é que este é um pau de dois bicos. Por um lado, o ensino obrigatório até ao 12º ano faz sentido, pois eleva o potencial da nossa sociedade. Por outro, temos os argumentos apresentados no teu post.

    O problema trata-se sobretudo (como dizes) de obrigar alunos sem capacidades/motivação/apoio/interesse a manterem-se na escola até ao 12º ano. E como dizes também, precisamos de formar profissionais capazes em certas áreas onde, neste país de doutores, as pessoas não querem entrar porque "cansa" e "um tipo suja-se".

    Daí que eu seja defensor há já algum tempo de um sistema semelhante ao sistema alemão. No fundo, passa por criar escolas profissionais de inegável qualidade para que o tipo de alunos acima referidos tenham essa saída. Resolveriamos alguns problemas de uma só vez:

    1. Alunos que não apresentam interesse por estudar poderiam continuar a sua formação numa vertente mais técnica, tornando-se mais valias para o país (e também para eles próprios);

    2. O país obteria a mão-de-obra que tanto precisa;

    3. As escolas secundárias poderiam focar-se no ensino de preparação para a formação superior.

    Em suma, concordo com o alargamento do ensino obrigatório até ao 12º ano, desde que se criem este tipo de estruturas, desde que se criem este tipo de saídas.

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