segunda-feira, 20 de abril de 2009

"Vou fazer um partido" - ipsis verbis

A revista Sábado, por vezes, dá-nos prémios destes... Número 259, semana de 16 a 22 de Abril de 2009, páginas 48 e 49, rubrica Relatório Minoritário, artigo de opinião "Vou fazer um partido", da responsabilidade de Nuno Rogeiro.

Procurei o artigo na internet, para postar aqui apenas o link, mas não o encontrei. Também não queria cometer a ilegalidade de copiar o artigo todo... Mas cortar partes pareceu-me agressivo (para o artigo e para o seu autor). Fazer um resumo seria egoísmo da minha parte ao sonegar palavras aos seus leitores! E quanto aos direitos de autor, se com a compra da revista a lei não me permite a partilha da leitura da mesma, então aqui fica a devida publicidade: COMPREM A REVISTA SÁBADO DESTA SEMANA! Para além deste, tem muitos artigos interessantes!
Ah! E quanto ao Nuno Rogeiro é um brilhante politólogo que deve continuar a escrever artigos assim!
Bom, com isto tudo espero estar perdoado do pecado da "cópia" e assim poder passar à parte realmente importante, o artigo:

'O partido político ideal, em Portugal, não existe. Não existe porque não (se) pode. Não existe porque não (se) quer. Não existe porque não (se) sabe. Por outras palavras, ninguém quer "avançar para se queimar". E todos vão tratando da vida.
A verdade é que a política partidária não atrai os melhores elementos da sociedade portuguesa. "Vai-se" para a política como se ingressa nas maçonarias: nas palavras de um iniciado, entra-se na Loja para se arranjar emprego, para se passar num exame, para se subir na vida.
A velha anedota inconveniente dizia que "nada é para sempre, nesta vida, a não ser o herpes labial." Ou seja, não é impossível uma revolução, mais ou menos tranquila. Épocas houve em que novas ideias e novos dirigentes entusiasmaram os cépticos, os cínicos, os descrentes. Até os "apolíticos".
Entretanto, muita política vai-se fazendo fora dos partidos.
Nas ruas, nas organizações sociais, nas academias e nas corporações, nos quadros técnicos do Estado e nas empresas, nas escolas e nos quartéis. Faz-se nos círculos de amigos, nos bairros e nas cidades. Faz-se entre profissionais livres e nos meios intelectuais. Faz-se entre reformados e activos. Faz-se. Uma das provas é a misteriosa "opinião pública".
Portugal necessita de um partido que o compreenda e transforme. Que não deixe a liberdade, a autoridade e a justiça social contradizerem-se.
Não precisa de "invenção" nem "optimismo". Há muitas escolhas que são conhecidas, são duras, e são necessárias. E o realismo face às crises (em suma, a verdade) é bem mais necessário do que a "auto-estima".
Um primeiro tema de campanha seria assim, no partido ideal, "Política a sério". Esta implica seriedade e profundidade, e labor. É preciso "pôr os políticos a trabalhar".
Não se trata tanto de saber qual a dimensão do Estado, mas conhecer o que faz, e como. Uma boa ideia seria "mais Estado útil, menos Estado inútil".
Por outro lado, qualquer governo de mérito tem de apoiar e aplaudir a produção esforçada, a criação e a inovação.
Conviria dizer, não só, "a terra - e o mar - a quem trabalha", mas "compre qualidade nacional", o que é diferente de "compre português".
E não ficaria mal porpor um "selo de qualidade para as universidades" (como se faz já em engenharia), em vez de as ameaçar com o fecho.
Na (in)segurança, convém propor uma "polícia com meios, inteligente e respeitada". E, na imigração, precisamos de ser claros: "Não aos novos escravos. Combate sem trégua à imigração ilegal."
Na Justiça, não se deve, verdadeiramente, dizer nada. Não porque aos juízes não se deva bater nem com uma flor, mas para evitar a continuação do actual barulho. Barulho onde espanta ser precisa uma "nota" do PGR, para assegurar a independência e tranquilidade do Minitério Público.
Na defesa nacional, é preciso "fazer das fraquezas forças" e não o contrário. E explicar que "ser militar" não é uma profissão qualquer. Todos os dias o soldado põe "a minha vida ao vosso serviço". Do povo.
Por fim, num País onde faltam as bases, não se construa já o tecto: "Enquanto houver um português que não lê, não há TGV".'

Nuno Rogeiro

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