O tema da reforma na educação é demasiado complexo, demasiado polémico para ser discutido num post apenas. Não querendo tomar partido (porque penso que não se deveria tratar de uma guerra, mas sim de uma conjugação de esforços para melhorar o ensino em Portugal), tenho de confessar que cada vez mais sinto que o Mário Nogueira não é, nem de perto nem de longe, um bom representante para os professores. De facto, penso que este senhor tem vindo a desgastar a imagem desta classe profissional junto da opinião pública, ao transformar tudo isto numa guerrinha que, em certos pontos, toca o amuo. E sem a opinião pública do seu lado, será muito difícil atingirem os seus objectivos (em particular, no caso do Mário Nogueira, retirar a Maria de Lurdes Rodrigues de cena).
Tomemos as recentes declarações do Mário Nogueira (aqui):
"Quando esta revisão pretendia acabar com a divisão da carreira docente em categorias hierarquizadas, o ministério vem reforçar a existência dessas categorias."
Todos os professores têm a mesma qualidade e competência? Não me parece. Daí que me parece mais do que natural hierarquizar a classe, de forma a premiar qualidade e empenho, o que não acontecia até agora. Sou da opinião que é exactamente a não existência desta hierarquização competitiva da classe que fomenta a acomodação aos privilégios e consequente diminuição de qualidade. É preciso premiar (e de forma inequívoca) os professores que dignificam a classe e penalizar aqueles que são a razão de tantos portugueses verem a profissão de professor como um "tacho".
"Quando se pretendia que o ingresso na carreira dependesse da formação de professores e não de uma mera prova que se realiza em hora e meia e que decide a vida de um jovem, o ME vem reforçar a existência dessa prova"
Usando palavras do próprio Mário Nogueira, isto é "pura demagogia". A prova não elimina o mérito exibido pelo professor durante a sua formação. Apenas pretende verificar se este tem competências cientificas para exercer a profissão. Diria um demagogo que a sua formação no ensino superior já atesta essas competências, mas todos nós sabemos (ou deveríamos saber) que isso não é verdade. Infelizmente, na altura das vacas gordas (i.e. quando a escassez de professores era considerável) a "torneira" abriu e entraram no sistema muitos "professores" sem capacidades nem formação para exercer a profissão. Mais: essa oportunidade de mercado levou a que várias instituições privadas criassem cursos na área de educação, cursos esses que deixavam (será que deixaram de deixar?) muito a desejar em termos de qualidade científica. Seria notável ver o sindicato reconhecer que um escalonamento dos professores feito com base na média de licenciatura é extremamente injusto, dada a disparidade verificada no grau de exigência de diferentes instituições de ensino superior.
No fundo, o que me faz imensa confusão é ver tantas medidas que trazem mais dignidade à profissão e que motivam uma cultura de excelência, premiando quem de facto se revela merecedor, serem rejeitadas pelos sindicatos, usando a capa da "luta". Diria de amuo! Para quem tanto criticou o facto de o topo da carreira estar limitado a alguns, agora que o ministério se mostrava disponível a negociar esse ponto, dizer que "Isso é pura demagogia"...
Existem de facto imensos pontos onde as propostas do ministério não são as mais adequadas, mas a abordagem que a Fenprof (particularmente o seu secretário geral) tem vindo a tomar contribui para uma perda de credibilidade perante a opinião pública e, consequentemente, perda de força.
Tomemos as recentes declarações do Mário Nogueira (aqui):
"Quando esta revisão pretendia acabar com a divisão da carreira docente em categorias hierarquizadas, o ministério vem reforçar a existência dessas categorias."
Todos os professores têm a mesma qualidade e competência? Não me parece. Daí que me parece mais do que natural hierarquizar a classe, de forma a premiar qualidade e empenho, o que não acontecia até agora. Sou da opinião que é exactamente a não existência desta hierarquização competitiva da classe que fomenta a acomodação aos privilégios e consequente diminuição de qualidade. É preciso premiar (e de forma inequívoca) os professores que dignificam a classe e penalizar aqueles que são a razão de tantos portugueses verem a profissão de professor como um "tacho".
"Quando se pretendia que o ingresso na carreira dependesse da formação de professores e não de uma mera prova que se realiza em hora e meia e que decide a vida de um jovem, o ME vem reforçar a existência dessa prova"
Usando palavras do próprio Mário Nogueira, isto é "pura demagogia". A prova não elimina o mérito exibido pelo professor durante a sua formação. Apenas pretende verificar se este tem competências cientificas para exercer a profissão. Diria um demagogo que a sua formação no ensino superior já atesta essas competências, mas todos nós sabemos (ou deveríamos saber) que isso não é verdade. Infelizmente, na altura das vacas gordas (i.e. quando a escassez de professores era considerável) a "torneira" abriu e entraram no sistema muitos "professores" sem capacidades nem formação para exercer a profissão. Mais: essa oportunidade de mercado levou a que várias instituições privadas criassem cursos na área de educação, cursos esses que deixavam (será que deixaram de deixar?) muito a desejar em termos de qualidade científica. Seria notável ver o sindicato reconhecer que um escalonamento dos professores feito com base na média de licenciatura é extremamente injusto, dada a disparidade verificada no grau de exigência de diferentes instituições de ensino superior.
No fundo, o que me faz imensa confusão é ver tantas medidas que trazem mais dignidade à profissão e que motivam uma cultura de excelência, premiando quem de facto se revela merecedor, serem rejeitadas pelos sindicatos, usando a capa da "luta". Diria de amuo! Para quem tanto criticou o facto de o topo da carreira estar limitado a alguns, agora que o ministério se mostrava disponível a negociar esse ponto, dizer que "Isso é pura demagogia"...
Existem de facto imensos pontos onde as propostas do ministério não são as mais adequadas, mas a abordagem que a Fenprof (particularmente o seu secretário geral) tem vindo a tomar contribui para uma perda de credibilidade perante a opinião pública e, consequentemente, perda de força.
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