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quinta-feira, 13 de maio de 2010

Como distribuía o seu dinheiro?

Proponho um exercício bem simples. Considere todo o dinheiro que tem disponível. Assuma que esse dinheiro é gerido por N indivíduos/entidades. Desses N, considere X que ao longo dos anos se tem mostrado um péssimo gestor, apresentando perdas consideráveis e consecutivas. Tem agora de decidir como redistribuir o seu dinheiro pelos N gestores.

Hipótese A: Entrega uma fatia maior do seu capital ao gestor X para que este recuperar das suas perdas.

Hipótese B: Diminui a fatia de X, para reduzir o impacto da sua fraca performance no resultado global, redistribuindo a sobra pelos gestores que apresentam os melhores resultados.

A ou B?

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

O meu Estado

Depois de uma longa ausência da blogosfera, tinha planeado voltar com algumas postagens durante estas (curtas) férias. Tinha vários temas em mente. Talvez demasiados, porque acabei por me sentir perdido no meio de tanto caos. Aí, decidi fazer um exercício um pouco mais generalista. Procurei entender o quanto mudei desde que comecei este blog e a que visão do estado e da politica portuguesa essa mudança me levou.

Hoje, sinto-me mais liberal, sobretudo no que toca à economia. Não anarquista. Acredito que a longo prazo, o mercado trata de equilibrar a riqueza de uma forma justa. Mas apenas se o mercado for verdadeiramente livre. Um contra-exemplo usualmente atirado contra o liberalismo (sobretudo o norte-americano) é a recente crise financeira. Não posso deixar de discordar, visto que a grande alavanca que levou a este crash foi toda a problemática com o sub-prime, que foi criada através de uma intervenção estatal no mercado imobiliário. Portanto, esta crise, embora tenha surgido num mercado tradicionalmente liberal, veio de uma medida que de liberal tem muito pouco.

Acredito que se o mercado funcionar de forma verdadeiramente livre, acabará sempre por convergir para um equilíbrio justo. Quando se desvirtuam as regras de mercado, este responde... desregulando-se. Criam-se desequilíbrios, muitas vezes camuflados como equilíbrios sociais, atingidos à custa de uma brilhante intervenção estatal. Esses equilíbrios, que de equilibrados têm muito pouco, são temporários. E quando o seu prazo de validade expira, mostra a sua verdadeira cara de desequilíbrios, com a balança sempre a favorecer os já favorecidos.

Vejamos o caso do (des)emprego. O paradigma em Portugal, após a revolução, foi (é?) de uma defesa acérrima dos direitos dos trabalhadores (falar em direito dos empregadores é tabu no nosso país). Tomaram-se assim várias medidas de proteccionismo cerrado ao emprego. Salutar, dirão muitos. Justo para os trabalhadores, gritaram imensos.

Será mesmo? Essas medidas levaram-nos a menos desemprego? Não me parece. Levaram a mais justiça social, nomeadamente na distribuição da riqueza? Não, um redondo não. Intervenção do Estado no mercado, com medidas que visam favorecer os trabalhadores na sua relação com o empregador. O resultado? Está à vista: a balança inclinou-se mais uma vez para o grande capital. O trabalhador acaba como vitima de inúmeras formas. Uma das mais curiosas que me lembro é quando um trabalhador decide passar a empregador, e aí acaba por ter as asas cortadas, porque o voo implica pagar um valor insuportável para direitos dos trabalhadores. "Trabalhadores" esses que não chegam a existir, porque os seus direitos são caros.

Depois temos os apoios do Estado a empresas. A certas empresas, convém acrescentar. Isso viola uma das leis básicas do mercado: igualdade. Quando certos intervenientes no jogo têm regras especiais, é natural que o terreno de jogo fique inclinado. E quem paga essa inclinação são os consumidores, no final de contas. Temos ainda a ineficiência do Estado no pagamento das suas dívidas, na devolução do IVA, entre outras, que leva a que empresas com dificuldades tentem sobreviver em vez de tentar crescer, enquanto o grande capital tem margem de manobra para continuar a implementar o seu domínio. Acrescentando ainda a lentidão na justiça, não é nada surpreendente o estado actual da nossa economia.

Uma outra forma de intervenção estatal está no IVA. 20% não é muito; é demais. Estamos a falar de diminuir em 1/5 o poder de compra dos consumidores, o que naturalmente tem um impacto brutal no mercado. A justificação para este imposto é nobre: suportar os custos de ter um Estado. Os custos da democracia.

Idealizo o Estado como uma entidade vigilante e reguladora, apenas intervindo directamente numa área que dificilmente será privatizável: a Justiça. Acrescentaria talvez a Saúde. Temos ainda a vertente de apoio social, embora tenha algumas dúvidas sobre a eficiência de um sistema de apoio social centralizado e pesado.

É na necessidade de um sistema judicial justo que reside a razão de ser de um Estado. É esta necessidade que justifica que cada um de nós contribua com um pouco do seu trabalho para suportar os custos de um Estado. E é aí que chego a sentir uma certa revolta. Pois se o Estado falha redondamente na sua principal função, qual a justificação para os 20% de IVA?

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Hilariante!

Peço desculpa ao Francisco Proença de Carvalho, mas de tão bom que é, tenho de lhe "roubar" este post:

  1. Vais ter relações sexuais? --> O governo dá um preservativo.
  2. Já tiveste? --> O governo dá a pílula do dia seguinte.
  3. Engravidaste? --> O governo dá o aborto.
  4. Tiveste filho? --> O governo dá o abono de família.
  5. Estás desempregado? --> O governo dá o subsídio de desemprego.
  6. És viciado e não gostas de trabalhar? --> O governo dá o Rendimento Mínimo Garantido.
  7. Cabulaste e não fizeste o 2º ou o 3º ciclo? --> O governo dá-to em 3 meses nas Novas Oportunidades.
Agora... Experimenta estudar, trabalhar, produzir e andar na linha para ver o que te acontece!!!! O governo dá-te uma bolsa de impostos para pagar as alíneas anteriores!!!!

quinta-feira, 26 de março de 2009

Estado Social e a "chico-espertice"

In Blasfémias:

"... Um imposto negativo para baixos rendimentos tornaria o sistema mais transparente, permitiria aos pobres maior autonomia em relação aos profissionais da pobreza e não desincentivaria tanto o trabalho. Ou seja, o que se propõe é um sistema puro de impostos progressivos, que permita impostos negativos para os mais baixos rendimentos, sem qualquer outra benesse."

Penso que no desincentivo ao trabalho reside um ponto crucial quando se tenta analisar a "politica social" actualmente existente no nosso país. Como expoente máximo da não-eficácia desta politica social, temos o maravilhoso mundo do Rendimento Mínimo. Penso que o seu fundamento faz todo o sentido, se acreditarmos viver na utopia de uma sociedade equilibrada e justa. Se acreditarmos não viver num país onde reina a "chico-espertice".

Mais impressionante do que a utilização do Rendimento Mínimo como subsidio para quem se recusa a trabalhar porque... sim (penso que isso já seria de esperar; existem claro excepções), é a aparente aceitação desta realidade por parte do contribuinte comum. Não entendo. Eu não consigo esconder que emana em mim uma revolta quando vejo que as minhas contribuições para o Estado são utilizadas em parte para pagar uma tarde no café a uma senhora que não gosta de trabalho porque... cansa.

Mais um sinal da nossa sociedade: a não-existência de uma noção de Estado. Não entenderem que, tão grave como a actual predominância de pseudo-políticos no lugar de políticos, é todo aquele que usa a sua chico-espertice para viver às custas do Estado. Estado esse que é financiado pelos contribuintes.

quarta-feira, 18 de março de 2009

Para onde caminhamos?

Ontem tive uma experiência a que chamaria surreal, de início, mas no final de contas, parece-me banal. A caminho de casa, deparo-me com um homem caído contra um muro na berma da estrada, com a bicicleta a seus pés. Parei imediatamente o carro e, quando me preparo para sair, reparo que estão 4 carros estacionados em cima do passeio com os "4-piscas" ligados, isto muito próximo do local onde o homem se encontrava. Pensei eu: "algum acidente".

Saio do carro, dirijo-me apressadamente ao senhor e vejo que ele está inconsciente, mas após chamar várias vezes por ele, lá mostrou alguma reacção. Era um senhor já com alguma idade, que segundo ele se tinha atrapalhado com os carros e foi contra o muro. Lá ajudei o homem a levantar-se, a curar algumas das feridas e ele seguiu o seu caminho.

Ora, até aqui tudo normal. Mas qual não é o meu espanto quando me apercebo que, em 3 desses 4 carros, o condutor estava dentro dele. Naquele caso, e desculpem-me a expressão, três "senhorecas" a ler revista de fofoca enquanto esperavam pela sua vez para serem atendidas na esteticista que aí se encontra! Nenhuma delas, bem como nenhuma das pessoas que entretanto passaram no local, esboçaram sequer a mínima intenção de ajudar o homem caído!

Daí a minha revolta. Daí a minha pergunta: para onde caminhamos enquanto sociedade, enquanto seres humanos?

Será que o egoísmo irá de facto prevalecer sobre a solidariedade?

Será que a ideologia "every men for himself" irá ser levada ao seu expoente máximo? Se assim for, poderemos continuar a usar os termos "sociedade" e "comunidade"?

Continuaremos a ter uma democracia, ou a anarquia passará a reinar?

Não sei. Sinceramente, nem quero pensar nisso... O que me assusta é estarmos cada vez mais próximo deste novo paradigma social...