quarta-feira, 18 de março de 2009

Para onde caminhamos?

Ontem tive uma experiência a que chamaria surreal, de início, mas no final de contas, parece-me banal. A caminho de casa, deparo-me com um homem caído contra um muro na berma da estrada, com a bicicleta a seus pés. Parei imediatamente o carro e, quando me preparo para sair, reparo que estão 4 carros estacionados em cima do passeio com os "4-piscas" ligados, isto muito próximo do local onde o homem se encontrava. Pensei eu: "algum acidente".

Saio do carro, dirijo-me apressadamente ao senhor e vejo que ele está inconsciente, mas após chamar várias vezes por ele, lá mostrou alguma reacção. Era um senhor já com alguma idade, que segundo ele se tinha atrapalhado com os carros e foi contra o muro. Lá ajudei o homem a levantar-se, a curar algumas das feridas e ele seguiu o seu caminho.

Ora, até aqui tudo normal. Mas qual não é o meu espanto quando me apercebo que, em 3 desses 4 carros, o condutor estava dentro dele. Naquele caso, e desculpem-me a expressão, três "senhorecas" a ler revista de fofoca enquanto esperavam pela sua vez para serem atendidas na esteticista que aí se encontra! Nenhuma delas, bem como nenhuma das pessoas que entretanto passaram no local, esboçaram sequer a mínima intenção de ajudar o homem caído!

Daí a minha revolta. Daí a minha pergunta: para onde caminhamos enquanto sociedade, enquanto seres humanos?

Será que o egoísmo irá de facto prevalecer sobre a solidariedade?

Será que a ideologia "every men for himself" irá ser levada ao seu expoente máximo? Se assim for, poderemos continuar a usar os termos "sociedade" e "comunidade"?

Continuaremos a ter uma democracia, ou a anarquia passará a reinar?

Não sei. Sinceramente, nem quero pensar nisso... O que me assusta é estarmos cada vez mais próximo deste novo paradigma social...

Um comentário:

  1. Oh Rui!
    Não estarás tu a perguntar por algo demasiado grande? Eu questionaria antes o valor da família... Existem pessoas que nem aos seus familiares ligam, sejam eles pais, filhos, avós, irmãos... quanto mais a desconhecidos?
    Infelizmente o nosso aglomerado de gente (não sociedade) está em decadência de valores!

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