domingo, 29 de março de 2009

Regular para melhorar

Boa noite!

Que bom ter tanta coisa para ler e com sentido! Fiquei apenas dois dias sem ver o e-mail e fiquei com a caixa cheia de avisos a comentários e posts neste blog! É bom sinal... não pelo simples número de participações, mas pelo teor das mesmas! Queria escrever-vos a todos que concordo convosco e lançar mais algumas opiniões para fomentar mais alguma discussão e daí, quem sabe(?), ideias.
Pois começando pelos comentários da Nina e do Rui ao meu último post, tenho a dizer-vos que concordo convosco. Se por um lado a qualidade dos programas dos canais portugueses é cada vez mais degradante (isto para ser simpático...), por outro há que dar liberdade de imprensa aos meios de comunicação. E perguntam vocês: Mas como se pode elevar a qualidade da Comunicação Social sem abanar os fundamentos da liberdade de imprensa? Ou será que tal nem sequer é possível?
Esta é, sem dúvida, uma questão que devia ser sujeita a estudos, discutida em fóruns e artigos de opinião...
Como não gosto de atirar pedras para o ar e esperar para ver aonde caiem, aqui vai a minha modesta opinião: Não me parece que tal seja possível numa sociedade como a portuguesa actualmente. Isto porquê? Porque toda a comunicação social devia ser auto-regulada, isto é, cada jornalista devia ter em consciência se aquilo que está a fazer é informação ou é sensacionalismo puro! Aqui reside uma grande confusão! Um jornalista escreve um determinado artigo restringindo-se à informação, sem ponta de sensacionalismo, resultado? Se a informação for relevante vai para o canto da página, caso contrário, nem para o papel sai! O próprio jornal não vende se não der uma boa dose de sensacionalismo aos seus textos, porque, infelizmente, o povo quer sensacionalismo! O povo rejubila com as condenações nos jornais, com as prisões televisivas... Assim, o jornalista não-sensacionalista não sobreviverá e isso implica (por razões óbvias) que todos adquiram um pouco mais de sensacionalismo para além do desejável!
Posto isto, parece-me que a auto-regulação vai ao tecto! Soluções? Não regular a imprensa, censurá-la ou sem cair na censura, tentar regulá-la externamente? A terceira (também por razões óbvias) parece ser a melhor opção! É para isso que existe a ERC (Entidade Reguladora da Comunicação Social). E, partilhando da opinião do Rui no seu post intitulado Manuela Moura Guedes, deixem "os responsáveis da ERC (...) fazer o seu trabalho", por muito pouco que eles façam!
Relativamente a este organismo permitam-me dizer que ele sofre de um certo défice de eficácia e algumas vezes de imparcialidade. Se o primeiro me parece evidente, o segundo denota-se pela rapidez com que analisa determinados casos, enquanto que em outros deixa "a arrecadação estar a transbordar de reclamações" (Rui, não o diria melhor!).
Mas, acrescente-se que a ERC não é, de longe, a única culpada desta situação! NÓS também o somos!!! Não só porque não somos selectivos o suficiente no que concerne ao consumo televisivo, nem jornalístico, mas também porque não intervimos como devemos quando detectámos algo errado.
Para explicar este último ponto vou contar-vos a experiência que vivi numa escola: Um determinado aluno obrigou outro a rastejar, a denominá-lo seu servo, a autodenominar-se seu escravo, a comer terra e a beber restos de pacotes de sumo que já se encontravam no caixote de lixo. Tudo isto enquanto outro indivíduo gravava estas cenas com a câmara de um telemóvel, imagens essas que foram interceptadas pela directora de turma do aluno agressor (sim, nos termos da lei esta situação é encarada como uma agressão!) e, segundo o apurado, seriam para posteriormente colocar na internet. Toda a situação pareceu realmente muito estranha a todos os intervenientes no processo, por se tratar de um aluno com capacidades limitadas (basta referir que o aluno nem sabia o significado das palavras servo ou escravo) mas, como o mesmo referiu, ele só fez como viu na televisão! Na semana anterior anterior ao ocorrido, tinha sido exibida uma cena idêntica (não sei se tal e qual) na série "Morangos com Açúcar".
O aluno foi castigado com a pena máxima a aplicar mediante o Regulamento Interno da Escola e o Estatuto do Aluno, mas o que aconteceu aos verdadeiros culpados desta situação? O realizador, o produtor e o guionista da série por terem influenciado esta criança negativamente? Os donos da TVI e demais funcionários deste canal por terem exibido este episódio a horas impróprias e sem um pequeno aviso ou alerta para a não reprodução de cenas deste género? Os pais desta criança por não terem o cuidado de supervisionar aquilo que o seu filho vê na televisão? Eu, os meus colegas, o Director da Escola, os pais do aluno que foi vítima por termos resolvido a situação apenas a nível escolar e não termos apresentado queixa à ERC, à polícia, ao Ministério Público ou ao Provedor de Justiça? (já agora, muito obrigado Nina pelo esclarecimento... e sim, concordo com a tua opinião: todo este caso da escolha do Provedor de Justiça já cheira mal, é uma palhaçada e mostra a estupidez, mesquinhez e anormalidade dos políticos portugueses!)
A série lá continua (entretanto surgiu outra) a mostrar como supostamente funciona uma escola, mas esquecendo que ao retratar determinadas cenas está a aumentar exponencialmente as probabilidades de o mesmo voltar a ocorrer em outras escolas! Já era altura de haver uma discussão pública sobre este tipo de séries, chegar a conclusões e agir!
Bem, já me alonguei demasiado... mas queria deixar mais um alerta: Não façam como eu fiz naquela situação! Sempre que virem algo de errado na televisão ou na imprensa, comuniquem à ERC ou às autoridades competentes! Vamos atulhar as arrecadações destes organismos com queixas para ver se eles começam a fazer algo pela efectiva regulação da Comunicação Social! Pode parecer que não, mas podemos ajudar nesta regulação e assim a elevar a qualidade da mesma!

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