quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Debate Sócrates/Portas
«No final, Sócrates citou mesmo o título de um filme de terror: "Sei o que fizeste no Verão passado": "Eu também me lembro do que o senhor fez no governo passado e isso não pode passar sem ser apreciado", declarou.» (DN – 03.09.2009)
Tanto na entrevista à Judite se Sousa como no debate de ontem não houve nadinha que se aproveitasse quanto a saber o que pretendem fazer os nossos politicos para melhorar a situação do país! Divertem-se a dizer o que fizeram e o que os outros não fizeram mas tudo relativamente a pequenas questões e sem referir o prejuízo que houve noutras matérias por causa das opções tomadas. Divertem-se a mandar bocas infantis uns aos outros e atentar evidenciar diferenças que praticamente não existem entre as propostas de cada um. Todos dizem que vão apostar na educação, na economia, na saúde, etc, mas não ouço ninguém a explicar em concreto o que vai ser feito! Enfim, parece que vamos ter mais uma caompanha eleitoral totalmente inócua, um desperdicio de tempo e dinheiro dos portugueses! Enfim!

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Gripe A



Acredito que tenha algum fundamento...

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Sistema de votação para o parlamento

O sistema actual de votação para o parlamento e eleição do governo é claramente favorável a maiorias absolutas e minimização do peso dos pequenos partidos. O próprio método de Hondt, quem é utilizado em Portugal, é conhecido por favorecer os grandes partidos e as coligações. No entanto, o maior ataque à representação democrática são os círculos eleitorais, uma vez que existe uma grande quantidade de votos que são desperdiçados em todas as eleições.
Os partidos minoritários, em distritos com poucos deputados, raramente conseguem eleger um único deputado. No entanto, analisando o número de votos a nível nacional, a sua representação parlamentar devia ser muito superior.
Por outro lado, os círculos uninominais são considerados mais dinamizadores da participação democrática, visto que existe um deputado que representa uma região. Actualmente, os cabeças de lista dos partidos deviam ter esse papel, mas claramente isso não acontece.
Uma solução seria um sistema misto:
Cada distrito teria um deputado eleito por esse distrito. Estes deputados estariam livres para votar contra a orientação partidária e teriam como principal objectivo no parlamento defender os interesses do seu distrito.
As listas dos partidos seriam nacionais e os deputados eleitos pelo distrito dariam lugar ao nome seguinte da lista.
Nas eleições, poderiam existir dois tipos votações:
  • boletim único, em que o primeiro deputado eleito nesse distrito seria o deputado do distrito e todos os outros votos seriam contabilizados para a lista única nacional.
  • dois boletins, em que a votação para o deputado do distrito e a votação para a lista nacional seriam independentes. Este sistema teria alguns paralelismos com os sistemas parlamentares com senadores e deputados, mas sem a existência de um senado.

Com uma lista nacional, o número de deputados poderia ser reduzido para 122, dos quais 100 seriam eleitos pela lista nacional, 18 seriam eleitos pelos distritos, 2 pelas regiões autónomas e 2 seriam eleitos pelos círculos da Europa e do resto do mundo. A redução do número de deputados teria como consequência que, mesmo os deputados eleitos pela lista nacional, deixariam de ser anónimos, tal como acontece actualmente com muitos dos 230 deputados. Esta maior visibilidade dos deputados significaria uma maior responsabilização do seu trabalho, nomeadamente nas discussões das leis na especialidade. Seria reconhecida a especialização de certos deputados em áreas especificas da política. A redução do número de deputados também significaria um orçamento superior para a remuneração dos deputados, com o intuito de aumentar a competitividade do serviço publico e atrair os melhores profissionais.

Em conclusão, estas medidas teriam como objectivo reduzir o número de votos que são dispersados pela fragmentação dos círculos eleitorais e aumentar a responsabilização e visibilidade dos deputados para além de introduzir um grupo novo de deputados que teriam a responsabilidade de defender os interesses da sua região.

terça-feira, 25 de agosto de 2009

O sonho americano vs o sonho europeu

Em 2004, foi lançado um livro com o título The European Dream: How Europe's Vision of the Future Is Quietly Eclipsing the American Dream. O interessante é que este livro foi escrito por um autor americano, Jeremy Rifkin, que é um economista e foi consultor em várias presidencias da União Europeia.
A grande diferença entre os dois sonhos é que a versão americana, que é sobejamente conhecida, prima pelo individualismo radical e pelos direitos de propriedade. Isto é claramente reflectida na 2ª Emenda da constituição Americana e numa série de leis que têm origem no direito anglo-saxónico, em que a casa de cada homem é o seu castelo. Para além disso, vemos as questões dos direitos de autor e propriedade intelectual, que são muito mais protegidos e defendidos nos EUA que na Europa.
Por outro lado, o sonho europeu, que ainda é um work-in-progress, defende os direitos da comunidade, da sustentabilidade e dos direitos humanos. Esta visão pós-modernista de uma sociedade, que foi temperada por séculos de guerras e conflitos, é reflectida nas sociedades escandinavas, que tantas vezes são alvo de inveja por parte de países do sul da Europa.
O sonho americano é uma regra muito simples: se te esforçares e tiveres força de vontade, continuarás a ser pobre e não esperes nenhuma ajuda do estado caso tenhas um azar. Infelizmente, as excepções à regra são usadas para descrever o sonho americano. Uma estatística optimista seria uma taxa de sucesso 1:1000.
O sonho europeu é mais difícil de descrever porque não é definida pela perspectiva do indivíduo. Penso que uma boa descrição será: se todos os membros da comunidade tiverem boas condições de vida, acesso à educação e serviços de saúde de qualidade e garantias que protecção social em caso de um azar, então todos os membros da comunidade estarão melhor servidos. Claramente, implementar esta visão é extremamente difícil e penso que a chave é a mentalidade.
Em Portugal, o chico-esperto vive do (mísero) subsídio de desemprego enquanto vai fazendo uns biscates sem passar factura e queixa-se que só queria que a Câmara Municipal lhe desse uma casa. No entanto, conseguiu arranjar um carro importado da Alemanha e deu a volta ao sistema para não ter que pagar tantos impostos. Esses mesmos impostos de que tanto se queixa mas pouco paga.
Claramente, um país de chico-espertos não pode viver o sonho europeu, quando o único sonho que têm é ter um carro acima das suas possibilidades para poder contar aos amigos que deu 247km/h na A1.
O Richard Dawkins cunhou o termo meme para descrever uma unidade básica de ideias e conceitos que se espalham por uma sociedade, sofrendo as mesmas pressões evolutivas que o os genes. Tal como os genes, as estratégias evolutivamente estáveis (EEE) fixam-se numa população quanto nenhuma outra estratégia consegue invadir com sucesso essa população. No entanto, uma estratégia individualista dominante raramente consegue se invadida por uma estratégia solidária, mesmo que esta fosse benéfica para a população em geral.
Basicamente, os países escandinavos foram invadidos com sucesso por uma série de estratégias solidárias que se tornaram EEE, e por tal, uma minoria da população que seja apresente estratégias individualistas não conseguirá obter maiores benefícios e rapidamente esse meme será eliminado por selecção natural.
Por outro lado, Portugal tem como EEE a estratégia chico-espertismo, que muito difícilmente pode ser invadida por estratégias solidárias para que estas se tornem EEE.
A pergunta fica... Como é que se pode acabar com o chico-espertismo em Portugal?

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Aquecimento Global - um mito?

Via o Mitos Climáticos, tomei conhecimento de uma carta aberta de vários cientistas alemães à Chanceler Ângela Merkel, onde se contesta a crença "pseudo-religiosa" actual que o consumo de combustíveis fosseis tem como consequência o aquecimento global e que, se este consumo não for travado, nos aproximamos de um cataclismo.

Não tenho conhecimento cientifico nesta área para poder divagar sobre a validade dos argumentos/factos apresentados por este grupo de cientistas. Mas, tal como é dito nesta carta, este tema merece debate, dado que novos indícios têm vindo a ser descobertos, e merece também abertura e divulgação por parte da imprensa.

Aqui fica a carta (tradução do Mitos Climáticos):

26 de Julho de 2009

"À atenção da honorável Senhora Angela Merkel, Chanceler da Alemanha


Quando estudamos história aprendemos que o desenvolvimento das sociedades muitas vezes é determinado pelo espírito da época (zeitgeist), cujas consequências nem sempre são más para a humanidade.


A história conta-nos reiteradamente que muitas vezes líderes políticos adoptaram decisões erradas por terem seguido conselhos de assessores incompetentes ou preconceituosos, o que na altura não era possível detectar.


Por outro lado, a evolução mostra que o desenvolvimento natural segue uma vasta variedade de caminhos. A maioria deles conduz a becos sem saída. Nenhuma era está imune de ver repetidos erros do passado.


Os políticos frequentemente iniciam a sua carreira com um tema que lhes permite destacar-se. Anteriormente, como ministra do Ambiente, V. Exa. fez exactamente isso pois atribuiu uma alta prioridade às alterações climáticas.


Mas, ao fazê-lo, cometeu um erro o qual, posteriormente, conduziu a muitos prejuízos. Isto nunca deveria ter acontecido, especialmente tendo em consideração que V. Exa. é licenciada em física.


V. Exa. afirmou que as alterações climáticas são causadas pelas actividades humanas e tornou o combate às mesmas num objectivo principal através da implementação de estratégias dispendiosas destinadas a reduzir as emissões do CO2, designado gás com efeito de estufa.


V. Exa. tomou essa decisão sem ter realizado previamente um verdadeiro debate a fim de verificar se se justificavam tais medidas.


Um verdadeiro estudo global teria sido essencial. Ele teria demonstrado – mesmo antes de o IPCC ter sido constituído – que os seres humanos não tiveram qualquer influência mensurável no aquecimento global através das suas emissões de CO2.


Verifica-se que, ao invés, as flutuações das temperaturas têm estado dentro de gamas normais e devem-se a ciclos naturais. Na realidade, a atmosfera não tem aquecido desde 1998 – há mais de dez anos.


A temperatura chegou mesmo a diminuir significativamente desde 2003. Nenhum dos variados e caríssimos modelos climáticos previu esta evolução. De acordo com o IPCC, admite-se que o aquecimento é contínuo contrariamente do que realmente tem estado a acontecer.


Mais importante ainda, há um crescente corpo de provas mostrando que o CO2 antropogénico desempenha um papel não mensurável. De facto, a capacidade de absorção da radiação por parte do CO2 atmosférico está quase esgotada devido ao valor actual da concentração atmosférica.


Se o CO2 tivesse realmente qualquer efeito e se todos os combustíveis fósseis fossem queimados o aquecimento adicional a longo prazo seria, mesmo assim, limitado a apenas alguns décimos de graus Celsius.


O IPCC, que deveria ter conhecimento deste facto, até agora ignorou esta realidade nos estudos apresentados acerca das temperaturas e dos níveis de concentração do CO2 dos últimos 160 e 150 anos, respectivamente.


Assim, ao esconder este resultado, o IPCC perdeu toda a credibilidade científica. Os principais pontos relativos a este tema estão incluídos nos documentos indicados no anexo a esta carta (vide Referências).


Entretanto, a crença de que as alterações climáticas são culpa do homem tornou-se numa “pseudo-religião”. Os seus defensores, sem imaginação, colocam no pelourinho os analistas e os especialistas independentes que se baseiam em factos.


Felizmente, é possível encontrar na internet inúmeros trabalhos científicos que mostram, em pormenor, que não existem alterações climáticas antropogénicas causadas pelo CO2.


Se não fosse a internet, os cientistas realistas dificilmente seriam capazes de fazer ouvir as suas vozes. Muito raramente as suas opiniões críticas conseguem ser publicadas e chegam à opinião pública.


Os media alemães, infelizmente, lideram a posição de recusa da publicação de opiniões críticas e contrárias ao aquecimento global antropogénico.


Por exemplo, a segunda International Climate Realist Conference on Climate, realizada em Março último em Nova Iorque, reuniu cerca de 800 participantes entre os quais estavam incluídos alguns dos melhores climatologistas e especialistas co-relacionados do mundo.


Enquanto nos EUA os media, na generalidade cobriram o acontecimento, tal como o Wiener Zeitung (diário de Viena), aqui na Alemanha a imprensa, a rádio e as televisões mantiveram-se completamente caladas.

É realmente lamentável o comportamento dos nossos media. Nas antigas ditaduras diziam aos media o que não deveriam relatar. Mas hoje eles sabem isso sem receberem instruções.

Não acredita, Senhora Chanceler, que a ciência implica mais do que apenas confirmar hipóteses e que envolve também a realização de ensaios a fim de verificar se teses opostas explicam melhor a realidade? Exortamos vivamente V. Exa. a reconsiderar a posição que adoptou acerca deste assunto e a convocar um painel imparcial no Potsdam Institute for Climate Impact Research, o qual está livre de ideologia e é um local onde argumentos controversos podem ser debatidos abertamente. Nós, os abaixo assinados, estamos dispostos a contribuir para a sua realização.

Aconselhamos vivamente que reconsidere a sua posição sobre este assunto e convoque um painel imparcial, isento de ideologia, para debater abertamente no Potsdam Institute for Climate Impact Research os controversos argumentos.


Nós, abaixo assinados, dispomo-nos a contribuir para a realização deste debate.


Respeitosamente,


Prof. Dr.rer.nat. Friedrich-Karl Ewert EIKE

Diplom-Geologe. Universität. - GH - Paderborn, Abt. Höxter (ret.)
Dr. Holger Thuß EIKE Präsident Europäisches Institut für Klima und Energie http://www.eike-klima-energie.eu/


Referências:

Climate Revolt: World's Largest Science Group 'Startled' By Outpouring of Scientists Rejecting Man-Made Climate Fears! Clamor for Editor to Be Removed! – July 29, 2009

American Physical Society to review its current climate statement after a group of 54 prominent physicists petitioned APS revise – May 1, 2009

American Physical Society editor conceded a “considerable presence” of scientific skeptics exists - 2008

Polish National Academy of Science 'published a document skeptical of man-made global warming' – April 2008

Climate Fears RIP...for 30 years!? - Global Warming could stop 'for up to 30 years! Warming 'On Hold?...'Could go into hiding for decades,' peer-reviewed study finds – Discovery.com – March 2, 2009

Peer-Reviewed Study Rocks Climate Debate! 'Nature not man responsible for recent global warming...little or none of late 20th century warming and cooling can be attributed to humans' – July 23, 2009

Peer-Reviewed Study Demonstrates Anthropogenic Contribution to Global Warming Overestimated, Solar Contribution Underestimated - Geophysical Research Letters- March 3, 2009

March 2009 U. S. Senate Report: 'More Than 700 International Scientists Dissenting Over Man-Made Global Warming Claims'

Earth's 'Fever' Breaks! Global temperatures 'have plunged .74°F since Gore released An Inconvenient Truth' – July 5, 2009

India Issued a report challenging global warming fears – 2008

Canvass of more than 51,000 Canadian scientists revealed 68% disagree that global warming science is “settled” – 2008

Japan Geoscience Union symposium 2008 survey 'showed 90 per cent of the participants do not believe the IPCC report'

Skeptical scientists overwhelm Prestigious Geologist conference in Norway in 2008: '2/3 of presenters and question-askers were hostile to, even dismissive of, the UN IPCC' & see full reports here & here

UN IPCC's William Schlesinger admits in 2009 that only 20% of IPCC scientists deal with climate

Climate Fear Promoters Try to Spin Record Cold and Snow: 'Global warming made it less cool' - July 27, 2009

'Find ways to exaggerate': Nobel Prize-winning economist wishes for 'tornadoes' and 'a lot of horrid things' to convince Americans of global warming threat! - July 14, 2009

Professor William Calvin Unhinged! Calls on scientists to use 'interventional activism' to combat global warming! Climate will change our ways of doing science' - Claims 'long term thinking can be dangerous' – August 3, 2009

Economist disses farmers?: 'The big problem with climate change, frankly, is that farmers think it's a hoax' - August 3, 2009

MIT Climate Scientist Lindzen: 'Ordinary people see through man-made climate fears -- but educated people are very vulnerable' - July 6, 2009

Climatologist Dr. Spencer: 'where are all of the news stories about fact we've had no tropical storms yet this year?' - August 3, 2009"

Leituras

Continuo afastado por uns tempos (até ao final da minha estadia no MIT) dos comentários políticos, mas não da leitura. Assim, partilho convosco alguns textos que cativaram a minha atenção recentemente:

Gostava também de chamar a atenção para um excelente blog: Fado Positivo. Um blog que vai na direcção dos meus ideais, dos meus princípios. Para abrir o apetite, vou citar apenas a descrição que o autor faz do blogue:

"Fado Positivo

Farto do bota-abaixismo.
Farto dos maus agoiros, o derrotismo e os fatalismos.
Farto do discurso do coitadinho.
Farto do discurso político vigente da desgraça iminente, apenas interrompido durante os anitos em que se está no poder.
Farto da táctica política do "quanto pior, melhor".
Farto duma imprensa que vasculha entre relatórios gigantescos até encontrar uma nota de rodapé com uma má notícia, e que apresenta os dados no modo mais sensacionalista possível.
Farto duma opinião pública que considera que qualquer má notícia é 100% objectiva e qualquer boa notícia é uma manipulação do governo.
Farto do "dantes é que era", o "isto está cada vez pior" e o "só neste país".
Farto dos velhos do Restelo.

Este blogue é optimista.
Ponto final."

Precisamos desta mudança de paradigma. Urgentemente! Parabéns ao Miguel Carvalho pela iniciativa!

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Simplex

Pensava eu que, com esta minha estadia em Boston, podia tirar umas "férias" dos comentários políticos. Então não é que ao sair do trabalho deparo-me com um camião que finalmente me fez entender o que é o tão proclamado Simplex?

Pois bem, meus caros, aqui vai:



Não podia deixar passar esta pérola humorística. E ainda vos deixo o contacto para o esclarecimento de qualquer dúvida!

sábado, 8 de agosto de 2009

"A guerra acabou..."

Fica aqui registado o meu pesar pela morte de Raúl Solnado, admirável actor e humorista. Dele muito fica, na memória e no humor nacional. Como não podia deixar de ser, a acompanhar este louvor, fica a sua voz n'"A guerra de 1908" onde, nas nossas gargalhadas, fica a homenagem possível.

http://www.youtube.com/watch?v=pCIkMNduAT4

sexta-feira, 31 de julho de 2009

Que futuro para os nossos doutorados?



O investimento na formação de doutorados tem vindo a intensificar-se nos últimos anos, fruto de uma política virada para o desenvolvimento científico, de forma a acompanhar os restantes países da Europa.
Contudo, chegamos a um ponto em que o país não consegue absorver a grande quantidade de doutorados que se formam todos os anos e o desemprego científico torna-se uma realidade. Sucedem-se os pós-doutoramentos, geralmente com contratos inferiores ou iguais a 3 anos, sem grandes perspectivas de no final obter um emprego científico. Esta situação piora quando grande parte dos bolseiros nem direito a subsídio de desemprego tem, quando lhes terminam os contratos. No entanto o governo prevê contratar 1000 doutorados entre 2007 e 2009, oferecendo contratos de 5 anos contrastando com os existentes para bolsas de pós-doutoramento. Será uma boa medida? Talvez resolva o problema “pela rama”…

Penso que chegou a hora de as empresas começaram a encarar com “bons olhos” a contratação de doutorados. É frequente esboçaram-se os seguintes contra-argumentos:
1) Excesso de currículo, resultando num investimento dispendioso.
2) Não sabe trabalhar em equipa.
3) Tão profunda especialização que não trás nenhum beneficio para o empregador.
São todos, argumentos inválidos. O doutorado é uma pessoa que aprendeu a pensar, a argumentar, a escrever, a formular e resolver problemas. Aprendeu a conviver, sociabilizar e comunicar (e.g. quando sai em conferências ou quando apresenta algum trabalho). Aprendeu a trabalhar em equipa com seus pares e orientador, a respeitar as opiniões e a aceitar as críticas. Aprendeu a ultrapassar momentos de desmotivação, de frustração, de ansiedade e de tensão. Mais importante, são pessoas curiosas e capazes de aprender! Por todos estes motivos, não vejo qual o inconveniente para que as empresas não comecem a contratar os doutorados! Ah..talvez o dinheiro seja um problema…Então a solução é simples: que os contratem como a outro licenciado qualquer e a seu tempo mostrará o que vale.

Bom exemplo dos "nuestros hermanos"

O blog do Marco Batista alertou-me para esta notícia. O título é elucidativo:

"Repsol, Cepsa e BP multadas por fixarem preços"

Ficaria contente se esta advertência tivesse sido executada em Portugal. Não sendo, valha-nos a autoridade para a concorrência de "nuestros hermanos" esperando que as três empresas (que eu acredito que também detêm uma bela fatia dos nossos gastos petrolíferos) tomem consciência também no nosso país e desistam do cartel.

Por outro lado, também prefiro que tenham sido os espanhóis a pensar nisto primeiro: se a ideia tivesse sido do nosso lado a advertência seria executada quando os veículos se locomovessem a caroços de azeitona!...
(era o apontamento geek que faltava...)


quinta-feira, 30 de julho de 2009

A lógica da evolução do IE


Não, não se trata do Internet Explorer :-)

Trata-se do Índice de Edifícios, já por mim abordado numa outra mensagem neste blog (http://costarochosa.blogspot.com/2009/07/mao-amiga.html).

Intrigado pela evolução do IE nos últimos meses, resolvi fazer um estudo mais alargado da sua evolução ao longo do tempo face a outros indicadores macro-económicos, como a inflação. Em particular, confrontei a sua evolução trimestral (face ao ano anterior) com a evolução trimestral das taxas de inflação homólogas e a variação anual trimestral do IHPC (Índice Harmonizado de Preços no Consumidor, http://www.bportugal.pt/stats/download/a11.csv). Como estes valores são publicados pelo Banco de Portugal para cada mês, e o IE é actualizado trimestralmente, usei médias trimestrais para elaborar o gráfico que está no início desta mensagem.

Não é preciso ser sobredotado nem cientista da NASA para concluir que o IE (linha vermelha) varia em contra-ciclo com a inflação e com o IHPC (linhas azul e verde, respectivamente). O que não deixa de ser curioso, porque ele fundamentalmente reflecte uma variação no preço de reconstrução de um edifício, o qual estará naturalmente "em ciclo" com a inflação.
Qual será, então, a lógica da evolução do IE? Já fiz esta pergunta ao ISP (Instituto de Seguros de Portugal), explicando este meu raciocínio e enviando-lhes a folha de cálculo que usei para desenhar o gráfico, mas devem estar de férias porque ainda não me responderam. Se souberem, esclareçam-me (-nos).

quarta-feira, 29 de julho de 2009

O Regresso a Casa!

Finalmente chegou o dia em que atesto a mala do carro com as tralhas que juntei durante o último ano... Há quem lhe chame férias, mas eu, por razões óbvias, apelido este dia de "O Regresso a Casa".
No meio de tantos, que utilizam o mês de Agosto para regressarem à sua terra natal, eu ainda me considero um felizardo por percorrer "apenas" 300km e por ainda conseguir trabalhar em território nacional.
Mas há muitos (e parecem ser cada vez mais) aqueles que não se podem gabar do mesmo. Ao fim de tantos anos e de algumas gerações voltamos (se é que alguma vez o deixamos de ser) a ser um país de emigrantes.
À primeira vista, isto até nem seria um problema. A entrada de divisas, a experiência adquirida, a qualificação da mão de obra são apontados como os resultados positivos da emigração. Mas o contraponto parece-me extremamente pesado.
Vejo demasiados jovens a saírem do nosso país à procura de uma formação académica que de outra forma não a conseguiriam alcançar, vejo demasiados recém licenciados a sair do nosso país em busca de melhores condições de trabalho, vejo os milhões investidos na formação dos portugueses serem colocados do lado de lá da fronteira e aproveitados ao máximo pelos países estrangeiros (em muitas empresas, universidades e até governos) que esfregam as mãos de contentamento pela mão de obra altamente qualificada a custo zero, vejo muitos empregos serem ocupados por estrangeiros com formação duvidosa e vejo poucos regressos... cada vez menos regressos! Se no tempo dos nossos pais a história era a de partir, ganhar umas coroas e voltar à santa terrinha, hoje a história é partir para nunca mais voltar!
Não é pelo saudosismo que aqui escrevo, mas sim pela descrença e pelo desânimo que se apoderou do nosso país.
Olho em volta e não vejo projectos capazes de cativar os nossos emigrantes a voltar ou para manter os nossos jovens por terras lusas. Vejo aldeias a ficarem desertas e as grandes cidades com demasiada miséria. Vejo demasiado entusiasmo com o turismo que só me faz lembrar Cuba e a República Dominicana: hotéis com estrangeiros e pobreza e miséria nas ruas!
Solução? Não a tenho... pois se a tivesse já a tinha posto em prática, mas sinto que não é este o caminho que temos de tomar! Teremos que começar muita coisa de novo. Uma justiça capaz de eliminar a corrupção que mina os bons projectos, uma educação capaz de eliminar o "chico-espertismo" instalado, uma sociedade com valores de cooperação e solidariedade ao invés da falsa competitividade latente, da vida de aparências...
Apelo a um trabalho mais coordenado entre as Escolas e as Universidades e entre as Universidades e as Empresas tendo como principal objectivo a criação de projectos de excelência capazes de gerar emprego e assim uma maior riqueza, na tentativa de inverter a desertificação (de pessoas e de ideias) do nosso país!

terça-feira, 28 de julho de 2009

Armando Sá Rodrigues

A 10 de Setembro de 1964 chega a Colónia o milionésimo "trabalhador convidado" pela República Federal da Alemanha: um carpinteiro português, Armando Sá Rodrigues.

Perplexo e embaraçado com a grande recepção, este senhor, natural de Vale de Madeiros vê-se rodeado de jornalistas... Ouve as palavras:
"Sem o trabalho adicional de estrangeiros, o nosso desenvolvimento económico nos últimos anos seria impensável."

A Alemanha é, provavelmente, o mais próspero grande país europeu. Destruída depois da guerra, dividida por muros (alguns mais visíveis que outros), renasce ainda assim. E há 40 anos atrás saudava com gratidão, aos olhos de um português, o trabalho do imigrante.

Hoje, depois dos tristes resultados da extrema direita nas europeias, é urgente um grito contra a xenofobia, é necessária a calorosa recepção, as boas-vindas àqueles que vieram para ajudar. Assim também se mostra a nossa dignidade enquanto país.

segunda-feira, 27 de julho de 2009

The Crisis of Credit Visualized

Já há algum tempo que tinha estes vídeos na minha To Read List. Trata-se de uma explicação ilustrada através de vídeo das causas da crise do sub-prime (crédito para habitação de risco), que foi um dos grandes impulsionadores da actual crise económica.

Citando o autor, "The goal of giving form to a complex situation like the credit crisis is to quickly supply the essence of the situation to those unfamiliar and uninitiated."

Fantástico!



quinta-feira, 23 de julho de 2009

O pequeno criador de gado




Nos últimos dias, tenho mantido algum contacto com pequenos criadores de gado, o que me tem levado a reflectir um pouco sobre os seus problemas. Problemas esses que assentam sobretudo na concorrência estrangeira.

Todos eles se queixam da dificuldade que têm tido em vender o seu gado. Porquê? Porque, como não são capazes de rivalizar com o preço da carne importada, o mercado das grandes superfícies é-lhes inacessível. Além disso, o pequeno talhante, que mantém uma aposta na carne de qualidade, vê a sua clientela diminuir, em fuga para os preços apelativos das grandes superfícies, embora reconhecendo a diferença na qualidade. O pequeno criador vê assim o seu mercado apertar cada vez mais.

É a lei do mercado aberto, disse a alguns. Mercado injusto, responderam eles. Injusto porque essa carne importada provém de países onde o Estado presta um maior apoio aos criadores, o que lhes permite vender a preços mais competitivos. Como combater esta concorrência? Obter um maior apoio estatal, disseram-me de imediato. Concordo. O problema é que isso não depende do criador de gado, depende da vontade politica (eleitoral?). Mas a cooperação entre criadores depende apenas deles mesmo. Sim, a solução talvez passe pelo cooperativismo. Sim, porque nos países de onde importamos carne, existe um cooperativismo acentuado na agricultura. Isso permite negociar em maior volume, tornando o preço mais competitivo e abrindo assim portas a mercados mais amplos.

Em nota de rodapé, muitos destes pequenos criadores compra a carne para consumo doméstico... nas grandes superfícies. Porque é mais barato, disseram-me. É a lei do mercado. Mercado injusto...

segunda-feira, 13 de julho de 2009

A mão amiga?


Se tem um seguro multi-riscos habitação, então esta informação interessa-lhe.
O capital destes seguros é actualizado anualmente em função de um índice publicado pelo ISP (Instituto de Seguros de Portugal). Um destes índices é o IE (Índice de Edifícios). Estes índices são publicados todos os trimestres e são usados segundo a seguinte fórmula:

Capital (trim. x, ano y) = Capital (trim. x, ano y-1) x IE (trim. x, ano y) / IE (trim. x, ano y-1)
Exemplo:

IE (2, 2007) = 313,81
IE (2, 2006) = 302,48
Capital (2, 2007) = Capital (2, 2006) x 313,81 / 302,48

Daqui deduz-se um aumento do capital seguro entre 2006 e 2007 para os seguros que vencem no 2º trimestre, que neste caso, que tem valores reais, será de 3,7%.

O ISP comunica estes índices às seguradoras mas normalmente os utentes dos seguros não conseguem ter acesso fácil aos mesmos, mesmo usando a Internet. Aqui fica o link:


O IE deverá reflectir a evolução do custo de reconstrução da fracção ou imóvel seguro, o qual reflectirá a inflação, no geral, e a inflação no sector da construção.

A figura no ínicio desta mensagem apresenta a evolução do IE desde o 1º trimestre de 2006 até ao 3º trimestre de 2009, bem como a sua variação anual, que está directamente relacionada com a actualização dos valores seguros. Como se pode claramente ver, desde 2007 até ao 3º trimestre de 2008 o IE manteve-se razoavelmente estável, entre os 3 e os 4%, e daí em diante "disparou", atingindo no 2º trimestre de 2009 uns extraordinários 8%! Note-se que isto acontece em plena crise, onde o custo de reconstrução terá tendência a baixar por causa da baixa da inflação, da baixa do custo do dinheiro e do excesso de oferta em termos empresariais na área da construção.

O que fará, então, aumentar tão drásticamente o IE? Será que o ISP resolveu dar uma mãozinha amiga às seguradoras, penalizando para esse fim todos os segurados?

quinta-feira, 9 de julho de 2009

PVB

A 25 de Junho de 2009, a Manuela Ferreira Leite disse:

“Vamos rasgar e romper com todas as soluções que têm estado a ser adoptadas em termos de política económica e social”

Hoje, 9 de Junho de 2009, Manuela Ferreira Leite diz:

"Não há nenhuma medida anunciada por este Governo com a qual eu discorde. Eu nunca disse que rasgaria políticas sociais. Não há nenhuma medida a que o PSD se tenha oposto ou que tenha criticado sequer"

Eu bem quero ter esperança nesta senhora. Eu bem quero acreditar na classe politica. Eu bem quero acreditar que existe "politica de verdade" (entenda-se: politica a sério). Mas assim... Bem, irei eu de novo para o PVB?

P.S: Roubado do fantástico We have Kaos in the Garden:


sexta-feira, 3 de julho de 2009

Moche ao Rui!!

O Rui Costa tem nome de futebolista, mas os poucos toques que lhe vi dar na bola são bastante desajeitados!
O 10 na camisola bem que podia ser substituído por um 4 de tão difícil que foi fintá-lo (na verdade nem sei se alguma vez o consegui!).
A qualidade na argumentação faz dele um bom director, mas pouco desportivo!
É um homem de paixões, mas nenhuma delas é vermelha!
Do Benfica só lhe guarda desprezo... Ódio? Não! Porque o seu Porto tem-lhe dado muitas vitórias e alegrias, como aquela que nos trouxe a brilhante e bela taça da Liga dos Campeões após 9 intermináveis e frias horas!
O Rui nasceu para a poesia, mas é nos números que se notabiliza! O gosto pela Matemática que partilhamos foi o início para muita farra e a paixão que temos pelo nosso país levou-nos à discussão! Aí aprendi que não interessa discutir opiniões com paixões. Para resolver problemas, temos que analisar as questões com a frieza dos factos e apresentar soluções!
A amizade é muito importante para ele e fortalece-a à mesa durante umas grandes jantaradas!
O blog foi uma grande ideia dele, cada pedrada aqui atirada é um prémio e cada prémio ganho é uma pedra preciosa para a nossa Costa!
"Meu amigo! Parabéns por quem és e pelo que nos fazes ser!"
Aquele abraço!
Costa Rochosa

O Plano Tecnológico

O Plano Tecnológico tão elogiado no estrangeiro (link) também encontra elogios em Portugal. De todas as medidas adoptadas por este Governo na Educação, esta foi sem dúvida a mais positiva e provavelmente a única com futuro garantido! Considero extremamente importante dotar as escolas de meios informáticos e tecnológicos capazes e que ajudem os professores a ensinar, os alunos a aprender e os pais a reconhecer os trabalhos desenvolvidos por aqueles dentro e fora do recinto escolar. Mas atenção! Há pontos neste plano que merecem uma reflexão muito cuidada.
Numa primeira fase foram distribuídos computadores portáteis com acesso à internet a alunos e a professores. Uma medida excepcional e tremendamente impulsionadora para a alfabetização informática dos portugueses, possibilitando uma ferramenta de trabalho essencial, a custos reduzidos, com acesso à internet, que é cada vez mais imprescindível à vida de todos. Houve pontos fortes e outros fracos, mas ao todo o processo foi extremamente positivo. Penso é que devia ter havido um maior controlo para evitar algumas situações completamente anómalas: professores a servirem de vendedores de computadores e técnicos de informática para as operadoras; famílias com 6 e 7 filhos na escola a receberem 6 e 7 computadores (gratuitos) em casa (é claro que a maioria foi para revenda); contas de internet exorbitantes pelo tráfego superior ao plafond; entre outras coisas. Outro ponto que devia ter sido acautelado é falta de formação de alguns pais que deram uma ferramenta impregnada de perigos para as mãos dos seus filhos, sem controlo, nem capacidade para controlar. Muitos pais dizem que os seus filhos passam 10 a 12 horas seguidas em frente ao computador e não sabem o que eles estão a fazer. Eu digo! Há 3 anos que dou Informática e todos os anos faço o mesmo: uma a duas aulas por ano são completamente livres! Não fiz nenhuma estatística, mas posso afirmar que em mais de 50% dos casos o primeiro site aberto é o hi5 e eles são capazes de andar por ali a navegar durante horas a fio, sem fazerem realmente nada! Em casa fazem o mesmo.
A segunda fase do Plano foi equipar uma em cada 3 salas de aula com um Quadro Interactivo e todas as restantes com um projector. Devo referir que acredito muito nestas duas ferramentas! Sou um utilizador assíduo do Quadro Interactivo e dou formação na área! É fantástico o que se consegue fazer com o Quadro e a adesão dos alunos a uma aula com recurso a esta ferramenta é enorme. Claro que é preciso saber usá-las, mas tenho encontrado nos professores muita vontade de aprender!
Nas terceira e quarta fases, as salas estão a ser equipadas com fibra óptica e um computador fixo em todas as salas. Esta medida apenas peca por tardia (este ano estivemos 150 a trabalhar com 5 computadores na sala de professores!) e por não ser acompanhada pela contratação de pessoal especializado para a manutenção do equipamento e da rede (por carolice, éramos 3 professores que fazíamos manutenção a todos os computadores da escola).
A fase seguinte será a implementação de um sistema de videovigilância, importante para a segurança de todos e de uma central telefónica capaz de informar os pais por SMS e em tempo real das faltas dos seus filhos.
Levantem as suspeitas que quiserem sobre o Plano, digam que os portugueses não estão preparados e que haveriam muitas coisas a serem feitas antes e outras tantas a serem corrigidas. Mas eu contraponho com a necessidade de saltarmos etapas no nosso desenvolvimento. Porque havemos de copiar modelos de outros países, se chegamos à conclusão de que temos capacidade para fazer melhor? Porque havemos de esperar o "momento certo" para investir se na tecnologia e na educação a evolução é tanta que não há "momentos certos"? Porque havemos de interrogar a introdução das novas tecnologias na educação se quando chegamos a adultos levamos com as tecnologias novas e velhas nas costas?

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Manuel Pinho

Depois de tantos erros, tantos pedradas no charco, sai do governo por causa de uns cornos...



Benditos cornos! Só foi pena não ter aparecido uma equipa de forcados.