sexta-feira, 3 de julho de 2009

O Plano Tecnológico

O Plano Tecnológico tão elogiado no estrangeiro (link) também encontra elogios em Portugal. De todas as medidas adoptadas por este Governo na Educação, esta foi sem dúvida a mais positiva e provavelmente a única com futuro garantido! Considero extremamente importante dotar as escolas de meios informáticos e tecnológicos capazes e que ajudem os professores a ensinar, os alunos a aprender e os pais a reconhecer os trabalhos desenvolvidos por aqueles dentro e fora do recinto escolar. Mas atenção! Há pontos neste plano que merecem uma reflexão muito cuidada.
Numa primeira fase foram distribuídos computadores portáteis com acesso à internet a alunos e a professores. Uma medida excepcional e tremendamente impulsionadora para a alfabetização informática dos portugueses, possibilitando uma ferramenta de trabalho essencial, a custos reduzidos, com acesso à internet, que é cada vez mais imprescindível à vida de todos. Houve pontos fortes e outros fracos, mas ao todo o processo foi extremamente positivo. Penso é que devia ter havido um maior controlo para evitar algumas situações completamente anómalas: professores a servirem de vendedores de computadores e técnicos de informática para as operadoras; famílias com 6 e 7 filhos na escola a receberem 6 e 7 computadores (gratuitos) em casa (é claro que a maioria foi para revenda); contas de internet exorbitantes pelo tráfego superior ao plafond; entre outras coisas. Outro ponto que devia ter sido acautelado é falta de formação de alguns pais que deram uma ferramenta impregnada de perigos para as mãos dos seus filhos, sem controlo, nem capacidade para controlar. Muitos pais dizem que os seus filhos passam 10 a 12 horas seguidas em frente ao computador e não sabem o que eles estão a fazer. Eu digo! Há 3 anos que dou Informática e todos os anos faço o mesmo: uma a duas aulas por ano são completamente livres! Não fiz nenhuma estatística, mas posso afirmar que em mais de 50% dos casos o primeiro site aberto é o hi5 e eles são capazes de andar por ali a navegar durante horas a fio, sem fazerem realmente nada! Em casa fazem o mesmo.
A segunda fase do Plano foi equipar uma em cada 3 salas de aula com um Quadro Interactivo e todas as restantes com um projector. Devo referir que acredito muito nestas duas ferramentas! Sou um utilizador assíduo do Quadro Interactivo e dou formação na área! É fantástico o que se consegue fazer com o Quadro e a adesão dos alunos a uma aula com recurso a esta ferramenta é enorme. Claro que é preciso saber usá-las, mas tenho encontrado nos professores muita vontade de aprender!
Nas terceira e quarta fases, as salas estão a ser equipadas com fibra óptica e um computador fixo em todas as salas. Esta medida apenas peca por tardia (este ano estivemos 150 a trabalhar com 5 computadores na sala de professores!) e por não ser acompanhada pela contratação de pessoal especializado para a manutenção do equipamento e da rede (por carolice, éramos 3 professores que fazíamos manutenção a todos os computadores da escola).
A fase seguinte será a implementação de um sistema de videovigilância, importante para a segurança de todos e de uma central telefónica capaz de informar os pais por SMS e em tempo real das faltas dos seus filhos.
Levantem as suspeitas que quiserem sobre o Plano, digam que os portugueses não estão preparados e que haveriam muitas coisas a serem feitas antes e outras tantas a serem corrigidas. Mas eu contraponho com a necessidade de saltarmos etapas no nosso desenvolvimento. Porque havemos de copiar modelos de outros países, se chegamos à conclusão de que temos capacidade para fazer melhor? Porque havemos de esperar o "momento certo" para investir se na tecnologia e na educação a evolução é tanta que não há "momentos certos"? Porque havemos de interrogar a introdução das novas tecnologias na educação se quando chegamos a adultos levamos com as tecnologias novas e velhas nas costas?

3 comentários:

  1. Optimismo pacóvio...Muito em voga cá no burgo. Continua-se com o pensamento "mágico" de que se pode atingir o sucesso e o progresso por decreto. Caso não saiba, na Educação, os progressos só podem ser aferidos a longo prazo (a menos que se acredite que dum ano para o outro os alunos passam todos a ser excelentes?). A degragação dos conteúdos e a contínua diminuição da exigência é que vai ditar o sucesso do nosso sistema educativo. E quanto a isso estamos falados. O resto são negociatas obscuras para enganar papalvos.

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  2. Caro leitor!

    Em lugar algum escrevi a palavra "sucesso"! Escrevi apenas sobre um plano necessário para modernizar as escolas!
    Assim, se eu quiser dar aulas com recurso a um computador ou a um Quadro Interactivo, posso! Mas se quiser que o professor do seu filho dê aulas no chão, que resolva os exercícios na lousa e tenha os testes feitos à mão, então pode fazer um requerimento à escola do seu filho! Com certeza também terá os recursos necessários!
    Quanto ao sucesso do nosso sistema educativo eu até concordava consigo. É necessário aumentar de novo a exigência até na educação/formação pessoal dos nossos alunos para que eles não cheguem a adultos com a sua falta de educação!

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  3. Caro rxc,

    "Caso não saiba, na Educação, os progressos só podem ser aferidos a longo prazo"

    Sabemos. Por isso mesmo o nosso elogio rasgado a esta medida governamental. Pois só a longo prazo terá resultados e isso vai contra as medidas eleitoralistas a curto prazo que são típicas no nosso país (e que já estão a disparar de novo, em vésperas de eleições).

    E é exactamente por isso que acho o seu comentário pacóvio. Vejamos: só a longo prazo podemos medir os resultados, logo temos de ser negativos quanto à medida e, consequentemente, não fazer nada. Onde é que eu já ouvi isto? Ah, talvez vindo de alguns pacóvios.

    "A degradação dos conteúdos e a contínua diminuição da exigência é que vai ditar o sucesso do nosso sistema educativo."

    Ora aí aqui o pacóvio concorda completamente consigo. Aliás, tem sido uma das minhas lutas. Mas isso não invalida a importância do Plano Tecnológico. Ou mais uma vez vamos fazer do modo pacóvio e usual no nosso país? Isto é, temos x problemas para resolver. Podemos resolver um por ano, ou então esperar 2x anos para os resolvermos todos de uma só vez. O que fazer? Esperar 2x anos, porque se formos pela outra opção aparecem logo x^x pacóvios a criticar a medida, porque só resolveu um problema.

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