sexta-feira, 17 de abril de 2009

A oposição (in)existente em Portugal

Luís Rocha, no Blasfémias, com "A caminho da servidão":

"O maior drama deste país não é, por conseguinte, o PS (ou o BE e PCP) que temos. É que os partidos à sua direita também se agachem, com irritante subserviência, perante os chamados “valores de esquerda”; que não tenham a coragem de os afrontar com aqueles que deveriam ser os seus, de que há muito se esqueceram, designadamente o direito à privacidade e à liberdade individual; que não ousem defender frontalmente as vantagens da privatização da segurança social e denunciar a fraude “madoffiana” que constitui o modelo de segurança social pública; que aceitem bovinamente a divulgação pública das chamadas “listas negras” de devedores ao fisco; que não se insurjam contra leis estúpidas como a da paridade, do tabaco ou do teor de sal no pão; que não defendam claramente o cancelamento dos mega-projectos, a forma mais escabrosa de concentração da riqueza em alguns à custa de todos; que abdiquem, em suma, de constituir uma verdadeira alternativa e de representar os muitos (porventura uma maioria silenciosa) que estão contra este status quo.


Por alguma razão, o PSD e o CDS não descolam nas sondagens, apesar da crise e dos sucessivos auto-golos que o adversário vai marcando. Para gerir um modelo estatista que eles já interiorizaram, o PS é, sem dúvida, bem mais eficiente."


2 comentários:

  1. Muito boa descrição do estado dos partidos de direita!

    O maior problema dos dois grandes partidos de direita parece-me o mesmo, a falta de uma vivência e coerência de ideais de partido (apesar de o mesmo acontecer nos partidos de esquerda).

    Os seccionismos, saudaveis quando a ideologia base é partilhada mas com efeitos perversos quando tal não acontece, têm feito com que nem uma oposição capaz apareça. Deputados do mesmo partido contradizem-se a cada sessão, comentadores supostamente notaveis a defender o governo, entre outros pequenos pormenores são alguns dos sinais que mais me deixam apreensivo quando se fala dos partidos de oposição.

    Os próprios militantes (e talvez os lideres) chegam a achar que "não é a melhor altura" para o seu partido estar no poder dada a situação do país.

    O que podemos então esperar de políticos sem coragem? Ao menos esta que não nos falte, quando tudo o resto já se afigura ténue...

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  2. Já há muito tempo que sinto que em Portugal não temos uma "Oposição", mas sim um conjunto de indivíduos sedentos de poder que gostam de ser do contra.

    Existe uma falta gritante da noção do papel de um político que não faça parte da facção dominante. Não basta ser do contra porque sim, é preciso reconhecer mérito no que de facto merece e propor soluções claras (e não demagógicas!) para contrapor medidas que de facto não sejam as melhores.

    Isso passa por muito daquilo que o João referiu acima, sobretudo pela desvanecimento da identidade de cada partido.

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