terça-feira, 9 de junho de 2009

A mensagem é clara

Não se tem dado muita visibilidade a isso, mas nestas eleições europeias, para além da elevada abstenção, temos um sinal ainda mais claro da esperança que os portugueses depositam na actual classe politica: 236030 portugueses deram-se ao trabalho de ir votar para não votar em ninguém. Este valor representa 6.63% dos votantes! Para ser mais preciso, houve 164877 votos em branco (4.63%) e 71153 votos nulos (2%).

Quem (na classe politica) terá coragem para abordar esta questão? Sim, porque falar da abstenção é fácil e é "bonito" chamar as pessoas às urnas. Discutir as razões que levam 6.63% dos votantes a não confiar em nenhum dos candidatos é muito mais delicado.

5 comentários:

  1. Se o número de votos brancos e nulos entrassem na na distribuição das cadeiras, 1 euro-deputado deixaria de ser eleito. Aplicando o D'Hondt com a inclusão dos Br/Nu, teríamos a seguinte distribuição:

    PSD - 8
    PS - 7,
    BE, CDU e CDS - 2
    Br/Nu - 1.

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  2. Sempre me intrigou a questão dos nulos ... se seriam fundamentalmente:
    1 - nulos deliberados;
    2 - nulos involuntários; ou
    3 - nulos criados pelas mesas de voto (já ouvi umas histórias muito interessantes acerca de como um escrutinador menos correcto pode anular um voto subrepticiamente).

    Conversei há minutos com um colega meu que esteve numa mesa de voto e que me confirmou que os nulos foram quase tantos como os brancos e que foram todos expressões claras de protesto, e não nulos involuntários.

    Portanto, talvez se possa tirar a conclusão que houve mesmo 6.6% de votos de protesto contra o sistema.

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  3. Fosse esse o efeito dos votos em branco e eu votava em branco. Perante o actual cenário político parece-me que votar em branco é o mesmo que se abster, pois não existem consequências políticas nesse acto (e como o Rui afirmou ninguém na classe política se preocupa com esse problema...). Se esses lugares ficassem vazios no parlamento eu votava branco com certeza.

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  4. Mesmo no actual cenário, o voto em branco é muito diferente da abstenção. Certo, não traz consequências directas para os partidos. Mas mostra uma posição.

    Óbvio que ninguém na classe politica quer falar disso, não convém. Seria exigir auto-critica a críticos destrutivos por natureza. Mas o "povo falou". Basta que a sociedade obrigue a classe politica a ouvir.

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