Seguindo o conselho do Tiago aqui deixado, deixo-vos um excerto do artigo "Trabalhe pesado!", do João Mellão Neto, no jornal "O Estado de São Paulo". Este artigo consiste numa forte critica ao programa Bolsa-Família, o equivalente no Brasil ao nosso Rendimento Mínimo.
"Argumentos para defender o Bolsa-Família não faltam. O difícil é acreditar que o programa seja viável para sempre.
Pode-se argumentar, a favor dele, que, em termos imediatos é uma forma eficaz de combater os malefícios causados pela miséria. Sem dúvida. Mas trata-se de um paliativo - um remédio que cuida dos efeitos, e não das causas da moléstia. Assim sendo, o seu efeito não é duradouro e tampouco definitivo.
Há pelo menos três aspectos cruciais que estão eivando a iniciativa:
- Não se está exigindo, na prática, nenhuma contrapartida dos beneficiários;
- não se está fixando um prazo máximo para a concessão do benefício;
- o valor do benefício pago está-se revelando muito elevado.
Benefício concedido sem reciprocidade é esmola. E esmola não cria cidadãos ativos. Cria, isso sim, mendigos.
Benefício concedido para sempre não é uma ajuda, mas sim um privilégio. E privilégios não geram indivíduos independentes. Geram, quando muito, um massa disforme de parasitas.
Benefício com valor elevado não complementa o trabalho, mas o substitui. Não gera trabalhadores, mas desocupados. Em vez de pessoas ativas, uma multidão apática de ociosos. Um exército de pensionistas totalmente dependentes da boa vontade dos governantes.
Se o objetivo final de Lula e do PT é criar um gigantesco curral eleitoral, eles estão sendo muito bem-sucedidos. Os "bolsistas" do famigerado programa estarão sempre dispostos a sufragar os candidatos que o governo recomendar.
Mas se o que se pretende é emancipar as pessoas, então o Bolsa-Família está se revelando uma grande excrescência.
Como está escrito na porta do Inferno de Dante: "Abandonai todas as esperanças, vós que entrais"... Aqueles que se inscrevem no "Bolsa-Família" hão de saber que dele jamais sairão. As suas virtudes ativas, a sua independência, a sua cidadania, tudo isso, enfim, é impiedosamente moído tão logo se ingressa no programa. A ética do trabalho e do esforço como a única forma legítima de prosperar na vida deixa de existir já na soleira da porta.
Como reza o ditado, montar num tigre é fácil, o difícil é desmontar dele depois.
O Bolsa-Família é um programa que, uma vez implantado, não há mais como descartá-lo. Os milhões de beneficiários já estão acostumados com o aporte mensal do dinheiro fácil. Como dizer a eles que dali em diante deveriam suar o rosto para obtê-lo?
Tanto para o governo como para a oposição, propor o fim do Bolsa-Família seria eleitoralmente desastroso. E o programa, assim, se impõe como algo definitivo.
Aqueles que trabalham hão de votar na oposição, já aqueles que não trabalham votarão sempre no governo. Como estes últimos se estão tornando maioria, o continuísmo parece ser um prognóstico evidente.
Como é economicamente impossível pôr a totalidade dos brasileiros sob o guarda-chuva do Bolsa-Família - alguém tem de pagar a conta -, teremos no País, doravante, duas classes de cidadãos: a dos que sustentam e a dos que são sustentados pelo Bolsa-Família.
Quanto a você, que está lendo este artigo, a recomendação do governo é a seguinte: "Trate de trabalhar duro! Além da sua família, há mais 11 milhões de famílias que dependem de você!""
"Argumentos para defender o Bolsa-Família não faltam. O difícil é acreditar que o programa seja viável para sempre.
Pode-se argumentar, a favor dele, que, em termos imediatos é uma forma eficaz de combater os malefícios causados pela miséria. Sem dúvida. Mas trata-se de um paliativo - um remédio que cuida dos efeitos, e não das causas da moléstia. Assim sendo, o seu efeito não é duradouro e tampouco definitivo.
Há pelo menos três aspectos cruciais que estão eivando a iniciativa:
- Não se está exigindo, na prática, nenhuma contrapartida dos beneficiários;
- não se está fixando um prazo máximo para a concessão do benefício;
- o valor do benefício pago está-se revelando muito elevado.
Benefício concedido sem reciprocidade é esmola. E esmola não cria cidadãos ativos. Cria, isso sim, mendigos.
Benefício concedido para sempre não é uma ajuda, mas sim um privilégio. E privilégios não geram indivíduos independentes. Geram, quando muito, um massa disforme de parasitas.
Benefício com valor elevado não complementa o trabalho, mas o substitui. Não gera trabalhadores, mas desocupados. Em vez de pessoas ativas, uma multidão apática de ociosos. Um exército de pensionistas totalmente dependentes da boa vontade dos governantes.
Se o objetivo final de Lula e do PT é criar um gigantesco curral eleitoral, eles estão sendo muito bem-sucedidos. Os "bolsistas" do famigerado programa estarão sempre dispostos a sufragar os candidatos que o governo recomendar.
Mas se o que se pretende é emancipar as pessoas, então o Bolsa-Família está se revelando uma grande excrescência.
Como está escrito na porta do Inferno de Dante: "Abandonai todas as esperanças, vós que entrais"... Aqueles que se inscrevem no "Bolsa-Família" hão de saber que dele jamais sairão. As suas virtudes ativas, a sua independência, a sua cidadania, tudo isso, enfim, é impiedosamente moído tão logo se ingressa no programa. A ética do trabalho e do esforço como a única forma legítima de prosperar na vida deixa de existir já na soleira da porta.
Como reza o ditado, montar num tigre é fácil, o difícil é desmontar dele depois.
O Bolsa-Família é um programa que, uma vez implantado, não há mais como descartá-lo. Os milhões de beneficiários já estão acostumados com o aporte mensal do dinheiro fácil. Como dizer a eles que dali em diante deveriam suar o rosto para obtê-lo?
Tanto para o governo como para a oposição, propor o fim do Bolsa-Família seria eleitoralmente desastroso. E o programa, assim, se impõe como algo definitivo.
Aqueles que trabalham hão de votar na oposição, já aqueles que não trabalham votarão sempre no governo. Como estes últimos se estão tornando maioria, o continuísmo parece ser um prognóstico evidente.
Como é economicamente impossível pôr a totalidade dos brasileiros sob o guarda-chuva do Bolsa-Família - alguém tem de pagar a conta -, teremos no País, doravante, duas classes de cidadãos: a dos que sustentam e a dos que são sustentados pelo Bolsa-Família.
Quanto a você, que está lendo este artigo, a recomendação do governo é a seguinte: "Trate de trabalhar duro! Além da sua família, há mais 11 milhões de famílias que dependem de você!""
Socialismo, pois então. E por cá vamos pelo mesmo caminho. Afinal somos um povo irmão!
ResponderExcluirEu prefiro utilizar o termo "caça ao voto". Não gosto de rótulos como "socialismo", "liberalismo" ou "comunismo". Porque enganam. Porque, na sua essência, todos têm pontos interessantes e positivos. Porque, numa sociedade utópica, todos eles seriam bons. Porque é o homem que deturpa essas visões.
ResponderExcluirAcho que já é tempo de nos libertarmos desses rótulos. Acho que já é tempo de nos deixarmos dessas guerras politico-partidárias (que mais me fazem lembrar o fanatismo clubistico que vemos no futebol) e passarmos para um novo paradigma. Para o paradigma de combinarmos todas essas visões para soluções. Para o paradigma em que todos nós, cada um na sua visão diferente, conflua para um futuro mais brilhante.
Dirá que sou de centro. Talvez, não importa. Pois trata-se apenas de mais um rótulo.
A "caça ao voto" parece-me que vai ao encontro do conceito de "populismo demagógico", tão em voga nestes dias. Esse mal é efectivamente comum a várias ideologias políticas, que, queiramos ou não, podem ser identificadas no panorama político global.
ResponderExcluirEssa quimera de se amalgamar tudo e esperar que o resultado seja algo mais do que a soma das partes parece-me difícil de alcançar.
Pessoalmente, espero que o Estado devolva liberdade às pessoas e assuma com eficácia as suas funções de soberania (de que me serve um Estado que me dá portáteis grátis se eu não consigo resolve um problema em tribunal em tempo útil, ou se a corrupção continua a minar a nossa sociedade?).
"Esse mal é efectivamente comum a várias ideologias políticas"
ResponderExcluirÉ exactamente aí que discordo de si. Esse mal é comum a várias ideologias partidárias, não às ideologias politicas. Essas ideologias são intemporais, são inatingíveis.
Agora, as medidas tomadas em nome dessas ideologias já se encontram sob alçada mundana. E é aí que entra o factor humano: a escolha do caminho para atingir a ideologia. Ou seja, é aí que entra a ideologia partidária.