segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

A Via Verde e o compliquex

Depois de penar para obter a Via Verde (chegou quase um mês depois de a pagar) tratei de obter a respectiva discriminação positiva, que me permite ter isenção nas 10 primeiras "viagens" de cada mês e desconto nas demais.

Neste Sábado, com a ajuda preciosa de uma pessoa que tirou a senha com muitas horas de antecedência, consegui acercar-me do balcão da Via Verde, para tratar da referida "descriminação positiva". Ia armado, como qualquer cidadão bem preparado, com tudo o que era preciso e indicado na página da Via Verde: identificador (ou seu número), documento único do veículo, comprovativo de residência, Cartão de Cidadão, paciência, espírito positivo, ... e a menina que me atendeu, que não deixou de me referir que a Via Verde estava a fazer um favor ao Estado, afirmou taxativamente que não precisavam para nada daquela tralha mas apenas do documento único do veículo para saber a sua morada e ... já está!

Mas então, penso eu, irra, mas então perdi uma tarde do meu fim-de-semana para dar à Via Verde (ou ao Estado, já não percebo nada disto) aquilo que eles sabem muito bem (ambos, irra!)! A morada do dono (eu) do meu carro está já na DGV, ou no IMTT, ou seja lá onde for, porque aparece no respectivo documento único! E a própria Via Verde sabe isso porque no pedido de identificador é preciso mostrar os documentos do carro (ou, online, versão Via Verde, que implica envio de cópias em papel por correio, é preciso enviar cópias do documento único). Só podem estar a gozar comigo ... então o Estado (ou alguém no mesmo) sabe onde eu vivo (está no Cartão de Cidadão), o Estado (ou alguém no mesmo) sabe que carros tenho, a Via Verde sabe para que carros pedi identificador e a morada dos mesmos, então porque razão eu tenho de fazer prova perante o Estado e a Via Verde que tenho aquilo que eles sabe que eu tenho, que vivo onde ele sabem que eu vivo, só para pedir a discriminação positiva!

E admiram-se que a nossa produtividade é baixa ... pudera!

Quer-me parecer que há alguém no Ministério dos Transportes que está a precisar de um valente pontapé no traseiro ... de preferência para longe, para um lugar onde o Estado não saiba de todo onde ele foi parar, para não se lembrar de o chamar de volta.

5 comentários:

  1. André, tens de ver as coisas de outra perspectiva. O estado está a fazer isto para no futuro criar um programa simplex para este processo e assim dar a sensação aos portugueses que os gajos estão a melhor Portugal...

    Agora a sério, eu acho uma pouca vergonha todo o processo de pagamento das ex-scuts. A começar pela forma como foram introduzidas, a passar pela questão do DEM e a acabar na treta da discriminação positiva. Só demonstra o melhor deste nosso Portugal...

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  2. A questão das autoestradas em Portugal merecia alguém com visão e não subjugação aos empresários da Brisa e amigos. Não sei se existe esse alguém nos partidos do "arco do poder".

    Os portugueses nao podem pagar o que se lhes cobra nas autoestradas, é um autêntico roubo. A minha proposta era que se acabasse de pagar a construção das auto-estradas, com tarifas mais baixas e a mais longo prazo, e que depois elas fossem despromovidas para estradas nacionais, com limite de velocidade inferior aos 120 km/h e sem a qualidade de serviço e as garantias de autoestrada mas também sem os seus custos exorbitantes.

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  3. A forma como todo o processo das SCUTs está a ser resolvido é no mínimo hilariante. Esse pormenor delicioso que descreves aqui é a cereja no topo do bolo. É idiota de mais para não ser uma piada :D

    Quanto à despromoção das SCUT, não sei se seria aplicável a todos os casos. No caso da A29 isso seria possível, dada a existência da A1.

    Não me choca pagar as SCUT. Parece-me, aliás, justo. O que não me parece justo é pagá-las diversas vezes, de várias formas. Primeiro, foram construídas maioritariamente com dinheiro europeu. Depois, pagamos imposto de circulação para quê? Pagamos imposto sobre veículos de um valor exorbitante para quê? Parte dos impostos sobre os combustíveis é para quê?

    Para mim é essa a questão, não o pagar das SCUT. Concordo com o principio do utilizador pagador, na sua generalidade. Não concordo é com o principio do utilizador roubado. Reduza-se significativamente a carga fiscal nos impostos acima referidos, e aí sim, pago SCUT. Até lá, continuarei sem circular nelas.

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  4. Aqui o problema é que a Via Verde é uma empresa privada e como tal não tem nem deve ter acesso directo aos dados privados dos cidadãos. Não se trata de um problema técnico mas sim legal. O que as pessoas fazem quando se deslocam à via verde, como parece ter sido este o caso, é dar a sua autorização explicita para que a via verde possa ter acesso à morada daquele utente em particular. Fico bastante sossegado que assim aconteça e que pelo menos neste caso a lei ainda seja cumprida. Claro que concordo que ter que perder uma tarde para dar essa autorização é no mínimo inconveniente e que o estado já há muito que devia ter implementado mecanismos online de autorização que permitissem ao cidadão autorizar o acesso aos seus atributos de identidade sempre que tal fosse necessário. Infelizmente esses mecanismos ainda não estão disponíveis e quem não tem cão caça com gato. Mas antes isso do que ter os dados privados dos cidadãos à disposição de qualquer empresa privada.

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  5. Mas Manuel, para solicitar o novo dispositivo, tens de apresentar o documento único do veículo. Portanto, tens de ir lá apresentar algo que já lhes apresentaste...

    Mas sim, ainda bem que a lei está a ser cumprida no que toca à privacidade dos dados.

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