Os resultados das eleições presidenciais são já conhecidos. Várias interpretações subjectivas sobre os resultados são já públicas. Vitoriosos e derrotados (por vezes, uma só pessoa é ambos) irão ser tema durante os próximos dias.
Para não correr o risco de entrar numa análise que seria apenas mais do mesmo, decidi apresentar uns dados (objectivos) sobre um tipo de voto usualmente ignorado pelos analistas e políticos (a razão deste ignorar tão consensual ainda me é desconhecida): os votos em branco e os votos nulos. Penso que um cidadão que se dá ao trabalho de votar em ninguém deve ter algo a dizer. Ao contrário da abstenção.
Nestas eleições, num total de 4 489 904 milhões de votos, houve 86 543 votos nulos (1,93%) e 191 159 votos em branco (4,26%). Assim, este tipo de voto perfaz um total de 277 702 votos, o que representa 6,19% do total de votos. Considerável.
Mais interessante ainda é recalcular as percentagens de votos considerando o candidato Dr. Brancos e Nulos como candidato válido. Vejamos a distribuição obtida:
Cavaco Silva 49,67%
Manuel Alegre 18,53%
Fernando Nobre 13,23%
Francisco Lopes 6,70%
Dr. Brancos e Nulos 6,19%
José Coelho 4,22%
Defensor Moura 1,47%
Ou seja: teríamos segunda volta. Isto demonstra que os eleitores que optam pelo voto em branco e pelo voto nulo têm algo a dizer.
Olhemos agora para os resultados obtidos por este candidato nas eleições presidenciais e legislativas desde o 25 de Abril.
Legislativas 1976: 257 696 (4,7%)
Legislativas 1979: 163 714 (2,72%)
Legislativas 1980: 137 662 (2,28%)
Legislativas 1983: 146 770 (2,57%)
Legislativas 1985: 145 319 (2,51%)
Legislativas 1987: 123 668 (2,18%)
Legislativas 1991: 110 672 (1,93%)
Legislativas 1995: 113 093 (1,92%)
Legislativas 1999: 108 194 (2,0%)
Legislativas 2002: 107 774 (1,97%)
Legislativas 2005: 169 052 (2,94%)
Legislativas 2009: 175 980 (3,09%)
Presidenciais 1976: 63 495 (1,3%)
Presidenciais 1980: 60 090 (1,1%)
Presidenciais 1986 (1ª volta): 64 626 (1,1%)
Presidenciais 1986 (2ª volta): 54 280 (0,9%)
Presidenciais 1991: 180 914 (3,5%)
Presidenciais 1996: 132 791 (2,3%)
Presidenciais 2001: 127 901 (2,8%)
Presidenciais 2006: 102 785 (1,84%)
Presidenciais 2011: 277 702 (6,19%)
Para que seja ainda mais fácil visualizar a relevância do resultado obtido pelo candidato Dr. Brancos e Nulos nestas eleições, deixo-vos um gráfico que mostra a evolução da votação neste candidato.
Fig. 1: Número total de votos no candidato Dr. Brancos e Nulos |
Fig. 2: Votos no candidato Dr. Brancos e Nulos, como percentagem do total |
Deixo qualquer análise ao cuidado do leitor.
Concordo com o Rui. Os votos em branco em nada tem a ver com a abstenção. Infelizmente, ainda ontem ouvi na RTP o jornalista a dizer que tinha havido cerca de 4% de votos em brancos que tinham de se juntar às abstenções... Não percebo este comportamento...
ResponderExcluirSó para picar um bocadinho ;). Para mim um voto em branco é um voto à lá "sem comentários". É não querer arriscar. É não tomar uma posição. É um misto de não acredito em nenhum destes, não sei em quem votar ou não quero ser o culpado de uma má eleição. São tantas coisas diferentes que acaba por não ser nada... Viva o voto útil! :D
ResponderExcluirSou a favor de colocar a opção "Nenhum dos Candidatos" na cédula de votação e contar estes votos como válidos.
ResponderExcluirDiscordo, João. É tomar uma posição, muito forte. Mas claro, poderá haver quem vote em branco por desresponsabilização. Mas ainda assim, isso significa que nenhum politico transmite confiança a esse eleitor. O que é muito forte.
ResponderExcluirTiago, isso é uma excelente ideia.
ResponderExcluirJoão, tens razão mas, eu não vou votar em alguém que eu não acredito que seja o melhor para aquela posição. Não querer arriscar? ou tomar uma posição?
ResponderExcluirImagina tu com essa lógica, tens um problema em casa precisas de um electricista, tens 3 hipóteses que conheces, um leva muito dinheiro pelo serviço e é mau profissional, outro não percebe nada do assunto, o outro é o maior vigarista que tu conheces... Escolhes na mesma um dos 3 ou tentas procurar um 4º, 5º, os que forem necessários para teres o melhor serviço.
Logo voto em branco é uma ferramenta muito útil, desde que seja levada em conta, acho que a sugestão do Tiago é interessante. :)
Eu faço parte da abstenção forçada. Tentei votar mas desisti depois de andar uma hora de carro a tentar descobrir onde podia votar.
ResponderExcluirEu votei branco...só porque eles querem ser presidente não quer dizer que eu queira algum..
ResponderExcluirFausto, houve realmente muita confusão com a história do Cartão do Cidadão e as alterações nas mesas de voto. Mas as listagens estavam publicadas nas juntas com antecedência... Ainda assim, penso que deveria ter existido uma maior divulgação dessas alterações.
ResponderExcluirCarlos e Rui, exactamente por não ser levado em conta, esse voto perde a utilidade. No fundo o que acabamos de ver foi que existiria uma segunda volta se as pessoas votassem num outro candidato que não o actual presidente da República.
ResponderExcluirOs comentários que hoje ouvi foram na sua maior parte "ficou tudo na mesma", o que na prática é verdade. O voto branco é quase uma pilula do dia seguinte. Vota-se, contam-se os brancos, deu-se um sinal de protesto apenas lembrado hoje. Amanha esses votos serão águas passadas.
Tiago, acho que mesmo assim não seria suficiente. Gostaria de ver um voto dedica à segunda volta. Para mim esse seria um sinal mais forte e faria com que os candidatos se esforçassem mais. Seria um sinal de que se querem ter o meu voto têm de trabalhar mais. E não um não gosto de ninguém, porque desses eles não querem saber...
Uma coisa é tirar ilações de uma eleição, outra é tirar resultados objectivos. Uma eleição serve para eleger alguma ou algumas das entidades que vão a votos; tudo o resto é matéria para "ciência" política.
ResponderExcluirAssim, e nesta eleição em particular, os nulos, brancos, abstenções e qualquer outra forma de manifestação da opinião (ou falta dela) dos votantes tem de ser desconsiderados para efeitos do apuramento do vencedor da 1a volta e da necessidade de uma 2a volta.
Em suma, o sistema não pode ficar refém dos que não exprimem uma opinião que permite realizar o fim a que o sistema se destina (eleger uma entidade, neste caso o Presidente da República). Recomendo-vos uma leitura do "Ensaio sobre a Lucidez", de Saramago.
«Os comentários que hoje ouvi foram na sua maior parte "ficou tudo na mesma", o que na prática é verdade. O voto branco é quase uma pilula do dia seguinte. Vota-se, contam-se os brancos, deu-se um sinal de protesto apenas lembrado hoje. Amanha esses votos serão águas passadas."»
ResponderExcluirAo contrário da pilula do dia seguinte, que tem o potencial de impedir uma nova vida, o voto em branco dá vida a um protesto. Concordo contigo: amanhã será ignorado. Porque aos analistas e aos politicos interessa pouco falar sobre estes votos.
Falar sobre a abstenção é fácil, porque aí é trivial virar a culpa para os eleitores. No caso do Dr. Brancos e Nulos, não há volta a dar nem há outra interpretação possível. Daí te dizer que é forte, muito forte. O silencio da imprensa é que o enfraquece.
Defendes o voto útil de protesto. Tendo a concordar. Mas o meu voto será sempre apenas e só por minha cabeça. Individual e nunca estratégico. Porque não vejo a politica como um jogo. E assim sendo, era impossível votar em alguém que não o Dr. Brancos e Nulos.
«Uma eleição serve para eleger alguma ou algumas das entidades que vão a votos; tudo o resto é matéria para "ciência" política.»
ResponderExcluirO objectivo deste post era mesmo alertar os politólogos que o sinal de contestação foi bem forte e não por causa da abstenção. Apenas isso ;-)
Mas concordo contigo, André. Para efeitos práticos, estes votos não devem prender o sistema. Mas a ciência politica e a imprensa, sobretudo, devem olhar para eles com um olhar atento. Bem atento.
Rui, sinceramente não acredito que seja a imprensa que enfraqueça esse tipo de voto. Para mim ele cai pela natureza que tem, porque como notado pelo André, no fim do dia o próprio sistema de eleições livra-se desses votos.
ResponderExcluirBtw, como se viu pelos resultados destas eleições, não faltou diversidade de escolha. Sejam eles suportados por máquinas partidárias ou independentes, da direita, à esquerda e aos movimentos de cidadania, dos que defendem o estado social ou mercados liberais, não faltou de nada...
A imprensa enfraquece esse tipo de voto porque não lhe dá destaque. A abstenção também é eliminada pelo sistema de eleições e, no entanto, vê o destaque que tem.
ResponderExcluirFaltou sim. Faltou objectividade.
Pudera, não são comparáveis 50% de abstenção com 1.93% de votos brancos. Daí ser normal darem mais dastaque à abstenção.
ResponderExcluirObjectividade != diversidade. E se achas que nenhum dos candidatos foi objectivo, bem isso é um sinal do como seriam eles a presidir, digo eu...
Parece-me haver alguma confusão entre os conceitos de direito, dever e obrigação.
ResponderExcluirParece lugar comum, mas em Portugal ganhámos o direito de votar e temos o dever cívico de o fazer para respeitar todos aqueles que lutaram por essa liberdade. Mas não nos obriguem a escolher entre o nada e o coisa nenhuma, ou entre o mal, o menos mal e o pior de todos.
Podem obrigar-nos a votar, mas não nos obriguem a escolher! Não nos limitem as escolhas, pois isso seria o desenvolver de uma nova ditadura.
Não sou politólogo, mas a minha opinião é de que muitas pessoas estão descontentes, não gostaram daqueles políticos que se apresentaram a eleições e exigem novos políticos, novas ideias e muito provavelmente novos partidos. Dessas pessoas, muitos houve que optaram por anular o seu boletim de voto, outros por votar em branco e muitos mais por nem sequer ir votar. Acho até, que muitos dos que votaram, optaram por aquele que consideram o menos mau.
Ora, o país não se pode contentar com o menos mau, nem pode exigir que metade do país legitime ou aceite esse menos mau. Também é verdade que o país não pode parar, mas pode reflectir. Penso que foi isso que o Rui quis alertar! Reflictam sobre os resultados eleitorais e não vivam em redomas. Tanto políticos como povo deve pensar sobre quem está a dirigir o nosso país, sobre o que é dever cívico e direito cívico, deve pensar no que quer para o seu país e sobretudo, naquilo que não quer para o seu país. É neste último pensamento que surge o post do Rui: "Não sei o que quero, mas não quero nenhum destes..."
Por fim, lanço um repto à malta: Já que Portugal está numa de petições e referendos porque não lançar uma petição a pedir um referendo a perguntar se o Povo português está contente com os políticos actuais...
P.S.: Não menosprezem a opinião dos que se abstiveram... muitos não tiveram sequer a oportunidade de a expressar. Há muita gente que foi silenciada por ter sido obrigada a manter o seu posto de trabalho num domingo de eleições!
Para além do direito de votar, o sistema dá-nos o direito de ser elegível, de ser candidato (embora, para Presidente da República, seja preciso ter mais de 35 anos). Portanto, se alguém acha que não há nenhum candidato à altura dos seus requisitos, não adianta culpar o sistema, basta "chegar-se à frente". E não adianta fazer referendos, mais vale iniciar ou colaborar em movimentos cívicos.
ResponderExcluirNão há candidatos ideais nem perfeitos, há candidatos razoáveis e candidatos menos bons, até possívelmente maus candidatos, mas não me venham com a treta que todos os candidatos eram maus. Eu não consigo concordar a 100% com nenhum candidato, mas de muitos consigo discordar para além de um limite. Que numa segunda volta pudessem existir pruridos e "sapos" demasiado gordos para engolir, até aceito. Mas na 1a volta acho, muito sinceramente, que os candidatos não eram propriamente umas nulidades que justificassem a desculpa de "falta de escolha".
Quanto aos brancos e nulos, a minha leitura é que pretenderam protestar contra qualquer coisa (que nunca se saberá muito bem o que será) e que acharam que desta forma mostravam a sua insatisfação.
Quanto aos abstencionistas, creio que a maioria deles não vota por preguiça ou incapacidade. Quanto à primeira, creio que em grande medida isso resulta (ainda) do facto dos eleitores votarem longe do local onde moram, algo que vai acabar quando aderirem ao Cartão de Cidadão.
O direito de votar em A, B ou C é igual ao direito de votar em branco ou de não votar. Ponto. Se de alguma forma limitarmos esse direito, nem que seja pela obrigação de escolha, deixa de ser um direito e passa a ser uma obrigação.Ponto. É um facto que qualquer voto branco ou nulo deve ir para o lixo.Ponto. O país não pode parar perante uma eleição com mais de 50% de abstenção.Ponto. As pessoas que assim optam devem estar informadas e se ainda assim optam por não votar ou votar em branco, então os motivos que os levam a abdicar de um direito devem ser alvo de uma reflexão. É sobre a necessidade desta reflexão que se centrou o post do Rui. Eu avancei com a hipótese de que muitos abdicaram deste direito por considerarem que os candidatos eram maus ou muito maus e que em lugar de optarem pelo que consideravam menos mau, escolheram não votar ou votar em branco. Pois é André, sei que não partilhas desta opinião, mas a verdade é que muita gente a partilha. Será que a fraca qualidade dos candidatos impossibilita uma escolha por parte dos cidadãos? Sim. Apesar da grande quantidade de candidatos, a campanha eleitoral foi insípida, os debates mesquinhos e as raras ideias lançadas não foram suficientes para o esclarecimento de alguns cidadãos. Então a culpa será destes? Definitivamente não! Mas o facto destes cidadãos não terem sido devidamente esclarecidos deve desconsiderar a eleição? Claro que não! Se estes cidadãos não são menores, também não podem ser maiores que os outros. Então que fazer? Reflectir sobre a qualidade dos políticos, partidos e candidatos, das ideias que estes veiculam e a forma como o fazem. É evidente que a informação não passou e temos todos (vencedores e vencidos, votantes e não votantes) que procurar formas de corrigir o que correu mal. Pareceu-me evidente pelos discursos de vitória, reclamada pela maioria dos candidatos que tal não passou, ainda, pela cabeça dos vencedores e vencidos. Mas já passou pela cabeça de alguns comentadores políticos que previram uma maior participação de movimentos de cidadãos independentes nas próximas eleições presidenciais. Isto continua a ser indicativo de má qualidade dos políticos actuais e do descrédito que estes têm junto da sociedade portuguesa. Mas, tal como eu, outras pessoas viram nesta eleição a possibilidade de mostrarem o seu descontentamento: com o aumento dos impostos, a diminuição dos salários, o aumento dos custos de vida, do desemprego, da insegurança, da injustiça, com as portagens, com a falta de metro, comboio ou estrada, com o aumento dos combustíveis e dos transportes... Alguns destes portugueses que estão descontentes não viram as suas preocupações reflectidas em nenhum dos candidatos (porque estes pura e simplesmente ignoraram as preocupações da população) e também não podem candidatar-se à presidência por falta de dinheiro, de tempo ou de ambas (ou como no meu caso, por falta de idade). Então decidiram juntar-se a alguns movimentos cívicos. Vejo o exemplo de 87% da população de Miranda do Corvo e 76% da população da Lousã. Estes portugueses cumpriram fielmente a decisão tomada pelo movimento a que aderiram e optaram por não votar, mostrando assim o seu descontentamento. Continuo a pensar que as pessoas que votaram em branco ou não votaram por qualquer um destes motivos, quiseram mostrar o seu descontentamento perante as políticas seguidas pelos nossos governantes. O que revela uma fraca opinião sobre os mesmos. Os meios podem não justificar os fins, mas são escolhas e essas escolhas são livres! Quanto ao referendo, era uma ideia estapafúrdia, mas se a Manuela Ferreira Leite pode ter a ideia de parar com a democracia durante uns meses, então eu posso ter a ideia ligeiramente menos estapafúrdia de realizar um referendo à qualidade dos nossos políticos na actualidade. E, se me permitem continuar com esta ideia, façam o seguinte exercício hipotético: De quanto seria a abstenção neste referendo? Quantos seriam os votos em branco? Quantos teriam uma opinião favorável e quantos, numa escala de 1 a 5, classificariam a qualidade dos nossos políticos em 1?
ResponderExcluirBetxu, embora tende a concordar com o que dizes acho que o voto positivo é essencial, uma vez que este vai determinar quem será o próximo presidente.
ResponderExcluirLembrando a referência do André ao "Ensaio sobre a Lucidez", o que aconteceria se as pessoas não votassem nos candidatos que consideram menos maus e se abstecem? Pois aí correriamos o risco de ser governados pelo pior dos candidatos. E isso sim, eu não quero. Por isso voto no menos mau. Porque acho que as eleições não são o local ideal para demonstrar o nosso descontentamento (embora perceba quem o deseja fazer). Existem outros mecanismos que te permitem fazer isso sem correr o risco de uma eleição que pode ter um efeito caótico.
Em relação às tuas perguntas finais, é bastante simples de teres uma pequena amostra. Colocas um post com a votação ou crias uma página onde faças uma mesma. Divulgando o suficiente, suponho que já consigas ter uma amostra relativamente segura das tendências de voto com intervalos de confiança alargados (note-se que muitas das sondagens feitas usam perto de 1000 inquiridos)...
"As pessoas que assim optam devem estar informadas e se ainda assim optam por não votar ou votar em branco, então os motivos que os levam a abdicar de um direito devem ser alvo de uma reflexão. É sobre a necessidade desta reflexão que se centrou o post do Rui."
ResponderExcluirPrecisamente.
"Apesar da grande quantidade de candidatos, a campanha eleitoral foi insípida, os debates mesquinhos e as raras ideias lançadas não foram suficientes para o esclarecimento de alguns cidadãos."
Nem mais. Mais do que um voto de protesto, é um voto de alerta. Alerta para o nível muito baixo da campanha e, sobretudo, do debate politico actual.
Agora, percebo o João e o André, sobretudo no que está relacionado com a referência ao "Ensaio sobre a Lucidez". É uma escolha. Que eu respeito e até já muitas vezes a fiz. Mas desta vez achei mau de mais.
A subida acentuada do voto branco&nulo é de facto preocupante e merece uma reflexão por parte de todos nós.
ResponderExcluirPortanto acho que o post do Rui acertou na "mouche".
Simpatizo com a ideia do Tiago em criar uma opção: "Nenhum dos anteriores".
É claro que o objectivo de uma eleição é (passe a redundância) eleger um candidato. Aí estamos de acordo. Mas penso que também concordamos que o candidato eleito tem de reunir consenso entre a maioria e que essa maioria que o elegeu esteja no mínimo (vá lá 50%) satisfeita com a sua escolha.
Como diz o André, não há candidatos óptimos nem maus, há razoáveis. Mas num cenário em que nenhum candidato se classifique como razoável então estamos perante um impasse, uma indecisão, caso não tenhamos a escolha de "Nenhum dos anteriores". Este voto de protesto deve ser feito em consciência e como tal deve ser considerado como uma opção válida - o conjunto vazio.
Quero sublinhar que em termos práticos a opção de "Nenhum dos anteriores" é diferente de votar em branco, pois o acto de colocar uma cruz (isto é escolher) excluiu qualquer dúvida que exista em relação às intenções do eleitor.
Sendo assim seria de considerar o voto de protesto e caso a maioria estivesse de "acordo" iríamos a uma segunda volta (talvez com a opção de inclusão de outros possíveis candidatos, esses que se chegariam à frente como diz o André) pois os candidatos da 1º volta não reuniram as condições necessárias para serem considerados.
Caro Zé, os votos não expressos em candidatos específicos (brancos, nulos, expressamente afirmados relativamente a uma qualquer forma de protesto, etc.) não podem ser contabilizados para efeitos de forçar a uma 2a volta. Vou tentar explicar porquê.
ResponderExcluirA 2a volta é disputada entre os dois mais votados da 1a, logo não há lugar para o aparecimento de "candidatos de última hora".
Portanto, a 2a volta serve apenas para clarificar, ou tornar mais evidente, a preferência dos eleitores perante os dois mais votados. Portanto, se admitirmos que alguém votou em branco, ou nulo, ou de qualquer outra forma folclórica, para não votar em qualquer dos vários candidatos à eleição, essa pessoa não ficará beneficiada pela 2a volta, porque continua a ter os mesmos candidatos, só que menos, portanto a sua capacidade de decisão continua a ser nula! Por outras palavras, não beneficia da ida à 2a volta, apenas introduz custos e chatices. E o sistema não pode permitir que tal aconteça, porque isso representa uma negação do serviço prestado (DoS). Portanto, e repetindo o que já aqui disse, por muito que queiram usar as eleições para manifestar todo o tipo de protestos e opiniões para politólogo ver e discutir, as eleições servem, em primeiro lugar, para eleger alguém ou algo, e isso não pode ser subvertido nem boicotado. Há que ser pragmático e realista!
Vejam este exemplo:
ResponderExcluirhttp://oinsurgente.org/2011/01/26/da-perseveranca/
O que terá levado este cidadão a desperdiçar tantas horas num voto em branco? É irrelevante que o tenha feito? Não devemos tirar daí nenhuma ilação sobre o seu posicionamento, sobre a sua opinião? Sobre o que sente enquanto cidadão deste Estado?