segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

A insustentável dificuldade de gerir as finanças pessoais

Na Segunda-Feira passada, dia 10/Jan, atingiram-se novos limites do surrealismo. Impensáveis.

O nosso actual Presidente, e também candidato, Cavaco Silva, afirmou claramente que quando faz aplicações financeiras não faz perguntas aos bancos, que aceita o que lhe dizem, que os bancos é que sabem, que já perdeu mais do dobro do que ganhou no BPN (neste momento ainda sabe quanto ganhou) com outras aplicações financeiras, que quando ganhou o que ganhou no BPN não reparou nisso porque o banco reinvestiu tudo o que tinha ganho numas quaisquer acções estrangeiras com nome esquisito (agora já não sabe quanto ganhou)... Isto depois de a mesma personagem demonstrar uma argúcia enorme, num anterior debate, ao conseguir reparar que a gestão actual do BPN não era profissional, ao contrário das Inglesas, e de rebentar sem qualquer sentido com a credibilidade do banco em horário nobre, depois de ter dito há tempos que se falava demais e que o silêncio era fundamental para não enervar os “mercados” ... isto apenas para se livrar da acusação de ter tido uma situação de favor, que é cada vez mais evidente. À Judite de Sousa não lhe ocorreu perguntar porque é que alguém resolve vender algo que não sabe quando lhe custou (e que lhe está a dar uma mais–valia extraordinária) por um preço que desconhece, porque não é público, para depois aplicar todo o dinheiro resultante nuns quaisquer produtos cujo nome é incapaz de lembrar? Obviamente houve um aconselhamento, porque já se sabe que a pessoa em causa não consegue distinguir vantagens e desvantagens relativas das suas aplicações financeiras. E pronto, aqui entramos na tal zona cinzenta onde cada qual pode pensar o que quiser. Faites vous jeux! Cabe a vós escolher entre a boa e a má moeda.

Isto tudo depois de o seu grande opositor, Manuel Alegre, demonstrar repetidamente ser uma pessoa tão ocupada que nem das suas finanças consegue dar recado, até precisa de uma secretária para lhe passar cheques, ou depositar cheques, ou fazer alguma outra coisa com cheques, porque ele, está mais que visto, é mais poemas e tiros! Mais um que também não consegue manter em ordem a sua contabilidade pessoal mas sabe ver bem a dos outros.

Há muitos anos, não sei mesmo se não foi na famosa entrevista onde Paulo Portas denunciou a conspiração do Marcelo Rebelo de Sousa onde entrava o pormenor lendário da Vichisoise, por essa altura, dizia eu, Paulo Portas afirmou algo como que não geria a sua carteira, que nunca sabia quanto dinheiro lá tinha, que quem tratava disso era a mãe. Deve ser um problema recorrente das elites políticas :-)

3 comentários:

  1. Belo post! Com uma boa dose de humor e uma alfinetada aos nossos políticos profissionais. E dizem-se eles economistas, engenheiros e professores!
    Tenho a certeza que a D.Maria, doméstica de profissão é bem melhor gestora e geradora de riqueza do que estes "zés ninguém" que dirigem o nosso país!

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  2. Muito bem visto e subscrevo a 100%.

    Já agora, alguém pode-me explicar para que serve um presidente da republica nos moldes actuais?

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  3. Muito bom, André! É de facto surreal. A palavra certa é: palhaçada. É o que vem sendo esta campanha (ou pré-campanha). Tem sido poesia pura. Lavar de roupa suja.

    Mais ridículo ainda é ser óbvio que mentem à cara podre. Repara: mesmo que eles sejam maus gestores como tanto apregoam ser (e depois candidatam-se à presidência da república, vá se lá entender porquê!), deviam no mínimo preparar-se para as entrevistas, com o seu exercito de assessores (deveria dizer caça-tachos) a procurar os valores desses investimentos, o nome desses fundos e os lucros. Assim, poderiam limpar a sua imagem.

    E agora, das duas uma: ou são mesmo incompetentes, ou então não podem limpar a imagem...

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