Com a crise económica e financeira internacional veio também o "pesadelo" do desemprego. Um pouco por todo o mundo, milhões de empregos foram destruídos num curto espaço de tempo afectando gravemente o desenvolvimento económico e social desses países.
O desemprego é um flagelo que causa pobreza, agitação social, insegurança, entre tantos outros efeitos nefastos para uma sociedade. Também a nível económico o desemprego é avassalador. Aumentam as despesas com subsídios de desemprego e de apoio social, diminuem as receitas com impostos por via da diminuição do consumo e o volume da segurança social encolhe com menos pessoas a descontar e mais a receber. É um entrave ao desenvolvimento de um país e à prosperidade de uma população. Como tal considero que o combate ao desemprego deve ser o "núcleo duro" de uma governação em tempo de crise. Existem várias formas e maneiras de o fazer mas a prioridade deve ser comum.
Nos EUA Obama alivia impostos às PMEs para lhes facilitar o acesso ao crédito e permitir a sua modernização e coloca em prática ínumeros projectos relacionados com ambiente, telecomunicações, vias de comunicação, etc para criar novos empregos e oportunidades de negócio. Para financiar este seu estímulo à economia pretende aumentar os impostos para as pessoas singulares mais abastadas bem como criar novas taxas aos bancos para que o governo "receba de volta" uma parte da ajuda enviada aos bancos no início da crise financeira. Além disto pretende também cortar com cerca de 120 programas federais sendo que um dos mais mediáticos é aquele que previa uma nova expedição tripulada à Lua até 2020.
Por cá o governo tem apostado numa forte parceria com as IPSS para criar empregos com especial destaque para a reinserção no mercado de trabalho de pessoas que dependiam do RSI (rendimento social de inserção). Outra ferramenta que pode desempenhar um papel chave no combate ao desemprego é o microcrédito através do novo Plano Nacional de Microcrédito. Um pacto entre governo, bancos, sociedades financeiras e Associação Nacional de Acesso ao Crédito pode resultar em empréstimos até 25 mil euros com taxas de juros bonificadas a serem concedidos a pessoas com poucas ou nenhumas garantias do ponto de vista financeiro. As obras grandes públicas têm sido também apontadas como uma saída para o preocupante crescimento do desemprego nacional.
Independentemente da minha opinião pessoal sobre as medidas em si creio que a prioridade está bem definida em ambos os casos. Uma espiral crecente de desemprego é extremamente negativa sobre todos os pontos de vista. Sem emprego não há criação de riqueza, não há exportações, não há consumo, não há inovação, não há crescimento. Existe apenas uma degradação social fortemente vincada e com impactos económicos muito grandes. Para retomarmos o caminho do crescimento económico e do desenvolvimento social é urgente dizer "Emprego precisa-se!".
Gostava assim de deixar aqui o debate sobre quais acham que são as melhores medidas para criar/manter emprego. Também eu irei dizer as minhas em comentário a este post e justificar o porquê das minhas escolhas.
Camões, por Borges
Há uma hora
Daniel,
ResponderExcluir1) Pra mim o excesso de proteção aos trabalhadores tem o efeito contrário e acaba por causar desemprego. Portanto acho que o caminho para o aumento da oferta de emprego passa por uma flexibilização das leis trabalhistas.
O ranking "Doing Business" do World Bank mostra justamente isso. Os países com notas baixas em "Employing Workers" são justamente aqueles que sofrem com o desemprego.
http://www.doingbusiness.org/economyrankings/
2) Uma outra medida seria aumentar o rigor na concessão do subsídio de desemprego. Em alguns casos, mesmo com empregos disponíveis, muitas pessoas preferem receber um dinheiro fácil do Estado.
Concordo! O Estado não pode premiar o desemprego! O Estado devia garantir o sustento (como faz com o subsídio de desemprego e o Rendimento Social de Inserção) àqueles que queiram trabalhar.
ResponderExcluirPor exemplo: Eu estou a viver numa zona com uma das maiores manchas verdes do país, que daqui por uns meses vai estar a arder. Nessa altura vão-se lembrar de que deviam ter limpo as matas, de que deviam ter contratado mais uns homens para a vigia e combate aos incêndios. Nessa altura vão-se lembrar de lançar as culpas aos proprietários; de colocar os reformados a vigiar as matas, com um telemóvel no bolso; de empurrar os soldados para o fogo.
Na minha opinião devia-se propor um emprego a cada desempregado: limpar, vigiar ou combater os fogos, mas remunerá-los justamente. E neste ponto há que pensar um bocadinho... O que existe neste momento é a maior estupidez. Ofereço um emprego a um desempregado e pago-lhe apenas o subsídio de alimentação, porque o ordenado dele é pago pelo Estado na forma de subsídio de desemprego, que continua a descontar no período total que lhe é concedido. Ou seja, claro que o desempregado não vai trocar o bem bom de sua casa pelo trabalho sem receber nada em troca! E desta forma fomenta-se o não-trabalho. Uma pessoa que passe um, dois anos nesta situação nunca mais vai trabalhar e se alguma vez trabalhar, nunca mais vai produzir como produzia! E eu, empregador, posso ficar com um trabalhador de graça, mas à primeira oportunidade que tenha, o trabalhador vai criar-me problemas. Ele sabe que devia receber mais pelo que faz, ele sabe que tudo o que ele me fizer é lucro para mim, ele sabe que se estivesse em casa recebia exactamente o mesmo do que se estiver ali.
Assim, criar novas regras para o fundo de desemprego e que fomentassem o emprego eram a minha prioridade! Depois sim, a criação de empregos justamente remunerados.
Apesar de concordar que deveriam existir alterações nas regras para a concessão de subsídios (algo que deve ser feito independentemente do número do desempregados) para que não se fomenta o tal "não-emprego" creio que neste momento, por mais vontade que as pessoas tivessem, não existiam empregos disponíveis na quantidade necessária.
ResponderExcluirÉ preciso continuar a investir cada vez mais em novas tecnologias para rompermos com o crescente número de desempregados com elevadas qualificações. De salientar áreas como as energias renováveis, nanotecnologias em geral, investigação em campos como a medicina, agricultura, vinicultura, etc. Todas estas áreas têm um elevado potencial "high-tech" que deveríamos explorar, especializando o país e criando mais empregos bem remunerados.
É preciso incentivar o empreendedorismo através de múltiplos mecanismos e variadas medidas. A criação me mais "incubadoras" de empresas onde alguém com uma ideia a possa conveter num projecto rentável recebendo aconselhamento especializado, um programa de financiamento atractivo e um espaço físico onde possa iniciar a sua empresa. Nestes mecanismos ecnontra-se também o microcrédito onde para além de combater o desemprego existe também uma forte componente de combate à exclusão social.
Compete também ao Estado uma criação mais directa de empregos através de obras públicas. Projectos como a reconstrução de áreas metropolitanas que podem aliar múltiplos benefícios. Imagine-se por exemplo um plano massivo que visa reconstruir Lisboa. Gera-se empregos durante a construção, melhora-se o ambiente da cidade (visto a construção respeitar as mais recentes exigências do ponto de vista da eficiência energética e incorporar energias renováveis desde a "raiz", aumenta-se a segurança (visto existirem menos bairros abandonados e degradados), estimula-se o comércio local, estimula-se o desenvolvimento de transportes públicos e as novas construções podem servir ínumeros propósitos como residências universitárias, habitação jovem ou combate à exclusão social através do realojamento, entre tantos outros. Este é para mim um exemplo de uma grande obra pública com grandes benefícios sobre todos os pontos de vista.
O estado deve dar prioridade aos pequenos e médios projectos de desenvolvimento local como uma forma extremamente eficaz para criar emprego e desenvolver o país como um todo. A descentralização leva, no meu entender, a uma maior eficiência. Estes seriam também um excelente motor para fazer arrancar de novo a economia nacional.
Estes são alguns dos pontos que considero essenciais para combater o desemprego e estimular a economia.
As medidas por todos aqui indicadas são válidas, dentro do seu contexto especifico. Mas há algo mais profundo. Vejamos um raciocínio exageradamente simples, mas que resume a minha opinião (que penso que aliada às vossas propostas traria efeitos muito positivos).
ResponderExcluirMenos consumo, menos produção, menos emprego, menos consumo ainda, e por aí em diante. Aumentar o consumo, aumenta a necessidade de produção, o que aumenta necessariamente a necessidade de mão-de-obra. Como aumentar o consumo? Dar maior poder de compra aos consumidores, claro :-)
A questão é como fazê-lo. Criando mais emprego, aumentam os consumidores, logo o consumo também aumenta. Esse emprego "subsidiado" pelo Estado, embora inicialmente não-sustentável, com o aumento da procura poderá tornar-se sustentável. Poderá...
Qual a forma mais simples e provavelmente mais eficaz de aumentar o consumo? Descendo os preços. E como se descem os preços? Descendo o IVA. Sim, porque estamos a falar em 20%, ou seja o consumidor está privado de 1/5 do seu poder de compra. Isso tem um peso assombroso, e acho curioso que não se discuta os impactos reais na economia duma descida (drástica) de impostos. Apenas se fala em ser louco aumentar os impostos. Pois eu cá acho que já estamos num estado tal de loucura...
Mais: uma descida no IVA teria um impacto justo na economia, pois não privilegiaria ninguém em particular. Mas bem... Deixem-me continuar sonhando...