terça-feira, 12 de janeiro de 2010

"Não há um só culpado! Somos todos responsáveis!!"

A adicionar aos buracos na estrada e às curvas com exagerada curvatura é preciso ter em conta:

- excesso de alguns condutores;

- egoísmo generalizado;

- alcoolismo;

- pressa em chegar uns minutos antes;

- condução desportiva de alguns;

- código da estrada? o que é isso?

- falta de civismo;

- irresponsabilidade.

Estes são apenas alguns dos ingredientes que povoam as nossas estradas.

Questão: Serão os buracos na estrada, curvas apertadas, alcatrão impermeável, etc.. ou por outras palavras a qualidade e desenho das estradas a causa da maioria dos acidentes e por consequência o estado o grande responsável? Sinceramente penso que não!

Se as estradas de Portugal fossem as melhores da Europa será que diminuiriam os acidentes? Certamente.

E se pegássemos em 10 milhões de nórdicos (aí uns suecos, uns finlandeses e talvez dinamarqueses) e os metêssemos à experiência nas estradas do nosso país, será quem em um ano a sinistralidade rodoviária baixaria? Certamente.

Então o que será mais proveitoso? Investir na educação do nosso "País" ou nas estradas? Francamente acho preferível investir primeiro nas pessoas e por fim no alcatrão.

As causas da elevada taxa de sinistralidade rodoviária em Portugal podem e devem ser estudadas por forma a ter informação de apoio na prevenção de acidentes. Contudo não devemos apontar responsáveis sem primeiro estudar e reflectir o assunto.

Um estudo (1995) usando dados da sinistralidade rodoviária de Inglaterra e EUA concluiu que:

- 57% dos acidentes eram da responsabilidade dos condutores;

- 27% devido ao condutor e condição das estradas;

- 6% devido à condição do automóvel e do condutor;

- 3% devido apenas às condições das estradas;

- 2% condições do automóvel;

- 1% estrada e automovel.

É claro que tanto a qualidade das estradas na altura como dos automóveis era diferente da actual tanto nesses países como em Portugal. No entanto não deixa de ser curioso como apenas 3% são devido à qualidade/estado das estradas. Penso que se fizessem um estudo semelhante em Portugal os números não iriam diferir radicalmente.

Uma coisa é exigir ao estado (e bem) que as nossas estradas sejam reparadas com regularidade por forma a proporcionar uma condução segura para quem respeita os princípios de uma condução segura. Outra completamente diferente é responsabilizar o estado unicamente pela elevada sinistralidade rodoviária que existe nas nossas estradas. Isto chama-se irresponsabilidade automobilística.

Existem casos pontuais é certo mas não são suficientes para "desculpar" a falta de civismo generalizado que existe em Portugal! O estado deve criar prioridades no combate à sinistralidade rodoviária e no meu entender no topo da lista devem estar as campanhas de sensibilização e melhorar a legislação/código da estrada.

3 comentários:

  1. O excesso de alcool é um problema muito grave, mas existe outro pior. Posso dizer que pela experiência da introdução da carta por pontos em Espanha, em que a fiscalização aumentou no período de transição, que o maior problema é o cansaço.
    A grande maioria dos acidentes graves durante a noite são devido ao cansaço. O efeito é semelhante ao alcool... sonolência, redução da velocidade de reacção, fotosensibilidade...

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  2. Ze,

    Quando a transcrição no anterior post, não quis unicamente responsabilizar o estado. Apenas quis referir que, juntamente com a responsabilidade dos automobilistas (que concordo contigo, é a grande maioria), também existe responsabilidade por parte das entidades responsáveis pelo planeamento, criação e manutenção das estradas do nosso país.
    Infelizmente, não me lembro de ter visto alguma vez um oficial da GNR ou da PSP afirmar que um acidente se deveu não só ao automobilista mas também ao estado da estrada.
    Concordo que primeiro se deve-se investir na melhor formação, mas principal na formação cívica. Em Portugal circular na faixa da direita em vias com mais de duas faixas não existe, manter distancias de segurança para o carro da fronte não existe, tomar providencias antes de trocar de faixa não existe...
    Para não falar no flagelo que o Fausto refere, o álcool. A nossa sociedade ainda aceita e não penaliza socialmente o condutor que embriagado, põe a sua pronta vida e a de outros em risco.
    E ainda há o problema de falta de fiscalização... E quando falo em fiscalização, não falo na caça à multa (ou prevenção rodoviária como lhe chamam...), falo de controlo do estado físico e mental dos condutores, do estado do carro (concordo a 100% com um post do Fausto no passado sobre o assunto). Salvo raras excepções, tais medidas não são aplicadas pelas autoridades.

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  3. 100% de acordo com o que aqui tem sido escrito. A Formação Cívica deve ser o primeiro (e principal) passo para a redução da sinistralidade em Portugal.

    Mea-culpa por também cometer uns errozitos na estrada (que ainda não provocaram nenhum acidente), mas que com o avançar da idade e da responsabilidade têm diminuído.

    Depois disto, quero reafirmar que o bom traçado das estradas também são um redutor de sinistralidade bastante importante. Veja-se o caso da "Nova A25", que não registou nenhum acidente nos primeiros 3 ou 4 anos de existência.

    Milagre! Dirão uns... Muita sorte, outros tantos... Mas o que é verdade é que a sinistralidade diminuiu e a mortalidade também.

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