Pacheco Pereira deve estar trepidante; finalmente, conseguiu sentir-se na pele de um PIDE, que escuta conversas alheias com evidente satisfação; conseguiu sentir-se na pele de um STASI, como o do filme “A vida dos outros”, a escutar as conversas privadas sem qualquer vestígio de culpa, mas antes com um sentimento de cumprimento do dever. Mas isso não lhe chegou, porque quer levar mais longe a sua satisfação e quer punir os escutados na praça pública, a António Maria Cardoso dos nossos tempos, publicando elementos relativos às escutas. Nada disto me espanta, dada a sua matriz Maoista, que nunca abandonou. O que é triste é que o PSD, que não tem essa matriz, vá a seu reboque. O que é triste é que um dos fundadores do PSD, da democracia Portuguesa e da autonomia dos Açores seja empurrado por esta onda revanchista.
Estamos a trilhar caminhos perigosos. Temos actualmente magistrados que fornecem escutas e elementos a elas relativos voluntariamente, para inquéritos parlamentares, ou a pedido de parlamentares, sem que estes últimos estejam de alguma forma controlados por algo como o Conselho Superior de Magistratura. Parece que todos já se esqueceram de quando a lista de elementos da Secreta Militar, divulgados por Veiga Simão a uma comissão de deputados, apareceu também na praça pública. Por este andar, qualquer dia não há qualquer princípio moral que impeça a publicação, em algo como o YouTube, dos mais variados registos ilegais da vida privada. E eu não gostava de caminhar nesse sentido.
terça-feira, 15 de junho de 2010
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É a velha fronteira entre a liberdade de expressão e respeito da esfera individual de cada um. Nós, em época de crise, como outras sociedades já o fizeram, optamos por dar mais valor à liberdade. Curiosamente, nessas outras sociedades, isso levou a ditaduras...
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