quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Cortes estruturais

Na conferência de imprensa de hoje o ministro das finanças anunciou que em 2012 não existirão medidas extraordinárias de correção do deficit. Deduz-se, portanto, que as medidas de eliminação dos chamados subsídios de férias e Natal, ou 13º e 14º meses, não são meras intervenções conjunturais, mas estruturais. Ou seja, é para sempre.

Isto, no entanto, já só é uma novidade para os mais distraídos, porque o ministro Miguel Relvas já tinha deixado claro que os povos desenvolvidos, do norte da Europa, ganham 12 ordenados por ano, enquanto que os incumpridores do sul ganham (ou ganhavam) mais de 12 salários. Nesse seu discurso ele deixou a mensagem subliminar de que a era dos 14 salários tinha de acabar (ou acabado) para bem do progresso do país. É preciso ser muito pobre de espírito para fazer raciocínios deste tipo. Pessoalmente, até prefiro 12 salários, mas essa não é a questão: o que interessa, como é óbvio, é o que se ganha ao longo do ano e não em quantas fatias (tranches, gostam eles de dizer…), esse montante é libertado.

O que é verdadeiramente fenomenal é o truque: corta-se os 2 meses com o argumento de redução de 15% dos salários, depois argumenta-se que o que é bom é 12 salários e depois, como é evidente, não se repõe os salários brutos anuais no valor que tinham antes do corte de 15%.

3 comentários:

  1. Chamoa a vossa atenção para o mui interessante uso da palavra "percepção" no Despacho n.º 15296/2011 do Gabinete do Secretário de Estado
    dos Assuntos Fiscais (
    http://dre.pt/pdf2sdip/2011/11/217000000/4478544785.pdf). Afinal parece que há no governo quem pense que há que manter 14 salários ... para alguns, claro!

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  2. Há povos desenvolvidos do norte da Europa que ganham 14 e (pasme-se!) 52 salários por ano! O que não há no norte da Europa é vermes como o Relvas a ministro!

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  3. Afinal parece que a Troika (ou Triunvirato, segundo outros), de acordo com as estrevistas de hoje, aconselha os privados a seguirem os cortes salariais de 15% já realizados pelo governo. É mais uma indicação de que tal medida é mesmo estrutural, e não conjuntural.

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