Temos um Presidente que é um espanto. Especialmente tendo em conta que é economista. E dos bons, dizem.
Sabe quanto ganha de reforma como bolseiro da Gulbenkian e professor Universitário, mas já não sabe bem quanto ganha como reformado do Banco de Portugal. Mas isso não o impede de fazer bem as contas, ou de prever cifras onde os outros nada vislumbram, porque quando teve de optar entre a soma das reformas que conhece e não conhece e o ordenado de Presidente, não teve dúvidas em descartar o último. Uau! Ou então o salário de Presidente já está tão degradado, que mais vale pensionista do que Presidente. O Sr. Presidente o saberá, ele é que sabe fazer contas. E bem, segundo dizem.
Mas o Sr. Presidente vai mais longe, e diz que o que recebe mensalmente (que, pelos vistos, sabe quanto é, ou imagina), não chega para as suas despesas. Avaliando pela bitola do salário de Presidente, que nós conhecemos e do qual abdicou, as suas despesas são significativas. Tão significativas, que o ordenado de Presidente não lhe chega. Aqui há uns 30 anos um distinto advogado da nossa praça notabilizou-se por ter afirmado (dizem) que o ordenado de Ministro não lhe chegava para pagar os charutos. Enfim, vidas difíceis, há que reconhecer.
Note-se, porém, que o nosso Presidente foi previdente, qual cigarra de La Fontaine, e fez questão de frisar, em jeito de recado, que ao longo dos seus 48 anos de casado guardou sempre algum dinheiro todos os meses. Esqueceu-se de dizer, também, que soube escolher bem os seus gestores de poupanças, no BPN. O seu recado soou um pouco a “pois, seus totós, não pouparam como deve ser, gastaram à maluca, agora estão tramados”. Sim, porque qualquer grande economista, especialmente os que sabem fazer bem as contas, vê imediatamente que o ordenado mínimo é mais do que suficiente para fazer poupanças mensais significativas, para precaver tempos futuros mais agrestes. Com o ordenado de Presidente é que não é tão fácil. Ou mesmo com as pensões conhecidas e desconhecidas de um ex-bolseiro, ex-professor universitário e ex-funcionário do Banco de Portugal. Como esse é que é difícil poupar.
Obrigado, Sr. Presidente, pelas suas lições. É sempre um prazer. Volte sempre.
sexta-feira, 20 de janeiro de 2012
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